Quem gosta de queijo sabe que manter o produto na geladeira é um desafio: se a gente tira da embalagem, ele resseca; A solução é ir cortando o plástico aos poucos, à medida em que o produto é consumido, embora o aspecto não fique nada atraente. Uma pesquisa que está sendo desenvolvida na Unopar pode ajudar a diminuir os efeitos desse problema.
As professoras Sandra Lessa Fernandes de Oliveira e Priscila Vianna, do Mestrado de Ciência e Tecnologia do Leite, estão trabalhando com a tecnologia de filmes e coberturas para produzir uma embalagem semelhante a um filme plástico que além de ser comestível também é biodegradável. Além disso, elas estão incorporando óleo essencial de orégano, que tem ação bactericida e fungicida. Assim, além de mais prática, a embalagem ainda aumenta a vida de prateleira do produto.
A matéria prima para a produção da embalagem é a proteína obtida do soro do leite. "Estamos utilizando essa proteína para fazer um filme muito semelhante o filme plástico utilizado para embalar alimentos. Só que o nosso pode ser comestível, sem causar nenhum tipo de agressão ao organismo. E também não vai agredir o meio ambiente porque é biodegradável", explica a professora Sandra.
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Outra vantagem do filme é que o processamento do produto é sustentável. Hoje em dia grande parte do soro de leite, proveniente da fabricação de queijos é descartado pelas indústrias queijeiras. A legislação brasileira obriga os laticínios a tratar esse soro antes de descartá-lo mas isso nem sempre acontece. Devido à sua alta concentração de proteínas e carboidratos, quando descartado em rios, sem tratamento, o soro de leite torna-se um contaminante, pois serve de alimento para o desenvolvimento de micro-organismos fermentadores, causando mau cheiro.
Como está experimentando agregar óleo de orégano ao filme, a ideia da professora Sandra é que ele seja usado na embalagem de queijo muçarela mas ela reconhece que o material abre infinitas possibilidades na indústria alimentícia. "Pode ser usado para embalar pães e doces e ainda pode ser associado a componentes como a gelatina, que muda a resistência e flexibilidade do filme", aponta.
Outra possibilidade considerada pelas pesquisadoras é submergir alimentos como frutas na proteína em forma líquida e depois esperar que ela seque, envolvendo cada unidade em uma embalagem individual. O Paraná tem uma das maiores indústrias processadoras de soro do país. Ela compra o produto em
forma líquida e vende principalmente em forma de pó. "Esse concentrado proteico do soro, em forma de pó, já vem sendo aproveitado em diversos alimentos como bebidas lácteas, bolachas e achocolatados. Ele agrega valor nutricional porque aumenta o teor proteico e também pode melhorar a textura de alguns alimentos", conta a professora Priscila, que é a orientadora da pesquisa.
Sandra acredita no potencial comercial do filme. "Estamos trabalhando agora com diferentes espessuras e testando a solubilidade em água", informa. O trabalho é financiado pela Unopar e Funadesp – Fundação Nacional de Escolas de Ensino Superior e deve estar concluído até o final deste ano.