Historiadores apontam que a tradição da Ceia de Natal surgiu a partir de um antigo costume dos europeus, que costumavam deixar suas casas abertas para celebrar junto de viajantes e peregrinos o nascimento de Jesus Cristo.
Com o passar do tempo, a celebração da data mais importante para os cristãos acabou sendo introduzida em países de outros continentes. A exemplo do que aconteceu com o Brasil, que devido à influência de imigrantes passou a cultivar o hábito de comer peru assado, prato que se tornou símbolo das comemorações natalinas na Europa desde o século XVI.
Na opinião da nutricionista e professora de culinária Valéria Mortara, o mais importante da tradição natalina é manter o espírito de comunhão, independentemente do cardápio servido.
“A gente não pode esquecer que o Natal é uma época em que as pessoas devem estar unidas. Temos que resgatar o afeto, não importa se isso acontece em torno de uma mesa rica ou pobre. E como toda celebração envolve comida, precisamos nos adequar à crise financeira que o país enfrenta e criar alternativas. Vale lembrar que é possível produzir uma ceia deliciosa mesmo sem ter peru, tender ou chester”, enfatiza.
Valéria destaca que o bom senso deve prevalecer na hora de comprar os produtos para a ceia.
“Todos sabem que os preços nos supermercados estão muito caros. Quando a pessoa não tem condições de comprar os produtos tradicionais de Natal, é preciso entender que isso não é possível e ponto. O que não vale é se endividar para fazer a ceia. É perfeitamente possível substituir, por exemplo, o peru por arroz e frango e ainda assim celebrar com a família torcendo por momentos melhores”, ressalta.
Segundo ela, uma boa dica para incrementar qualquer receita é preparar uma farofa como acompanhamento.
“A farofa é um prato tipicamente brasileiro que pode ser feito com farinha de mandioca, de milho ou mesmo com pão duro ralado. Depois é só acrescentar qualquer tipo de gordura, ovo ou mesmo frutas da época. É uma forma saborosa de abrasileirar qualquer receita, das mais simples às mais sofisticadas”, salienta.
Investir em frutas da estação e em saladas coloridas é outra dica da nutricionista. “Uma boa opção é a lichia, que se tornou uma das queridinhas dessa época do ano. Também é possível ressaltar as cores do Natal produzindo saladas com verduras e legumes verdes e vermelhos que garantem um colorido extra e mais sabor às mesas”, aconselha.
A nutricionista acrescenta ainda a importância de consumir de forma consciente os pratos da ceia natalina.
“Nessa hora não valem os extremos. A pessoa precisa entender que uma fatia de doce pode ser apreciada com prazer. Já duas ou três fatias costumam vir acompanhadas da culpa que acaba atrapalhando tudo. Não é porque tem refrigerante na geladeira que todo mundo vai se entupir disso, para equilibrar o consumo de líquidos é sempre bom manter uma linda jarra com água gelada à mesa. Por outro lado, seguir a dieta de frango com batata doce em pleno Natal também é loucura. É hora de comer e confraternizar com prazer e equilíbrio”, conclui.