Após longo tempo longe da esposa e dos filhos, o medalhista de prata da prova da maratona dos Jogos Olímpicos do Rio, Feyisa Lilesa, conseguiu rever a sua família após seis meses afastado da Etiópia. O maratonista de 27 anos precisou se esconder após ter protestado contra o governo do seu país durante a Olimpíada do ano passado.
A Etiópia vive uma violenta repressão aos protestos nos últimos meses. Desde outubro do ano passado, o local declarou estado de emergência. A história de Feyisa Lilesa chamou a atenção e o transformou em um herói nacional. Sem asilo político no Brasil, ele precisou aguardar o visto de residência permanente nos Estados Unidos e viajar para encontrar sua família no Aeroporto Internacional de Miami.
"Eu sabia que nós nos encontraríamos em algum momento, mas eu não esperava que fosse acontecer nestas circunstâncias aqui. Quando eu penso na minha família, eu volto ao ponto em que decidi tomar esta atitude", contou Lilesa, em entrevista para a rede americana NBC.
Com um buquê de rosas, o maratonista esperou ansioso pela chegada da esposa e dos filhos. A emoção tomou conta de Lilesa quando sua filha correu para garantir o primeiro abraço do pai. "O melhor presente é vê-los de novo. Tem sido difícil", declarou o atleta.
Depois de se tornar vice-campeão olímpico, Lilesa não voltou mais para Etiópia. Ele precisou ficar em um hotel depois do encerramento dos Jogos no Rio de Janeiro. Lá, permaneceu pelo tempo limite de três meses e foi para os Estados Unidos até poder reunir sua família novamente.
ENTENDA O CASO - Na linha de chegada da maratona olímpica, Feyisa Lilesa protestou contra o governo etíope. O que ele não imaginava é que a ação renderia drásticas consequências. O atleta defende que o local é governado por uma minoria étnica que oprime violentamente os povos e precisava chamar a atenção do mundo para o problema.
"Eu acredito que ter assumido o risco de colocar a minha família naquela posição, de potencialmente colocá-los em perigo, foi uma grande lição para muitas pessoas. Às vezes, precisamos nos sacrificar para ganharmos concessões e mudarmos uma situação. Neste sentido, a minha atitude inspirou pessoas a lutarem pelos seus direitos e resistiram ao governo da Etiópia", conta.