A torcida organizada Ultras, do Atlético, anunciou nesta terça-feira a sua extinção. De acordo com o presidente da Ultras, Gabriel Barbosa, não havia mais segurança para os 1,2 mil torcedores associados frequentarem os estádios. "Nós não concordamos com o que está acontecendo. Conflitos entre torcedores do mesmo time são inadmissíveis", afirmou.
Barbosa contou que, de algum tempo para cá, os confrontos entre Ultras e Os Fanáticos, outra torcida do Atlético, foram ficando mais freqüentes e violentos. "No domingo (dia do Atletiba), tivemos que deixar o Estádio Couto Pereira pela saída dos torcedores do Coritiba, por causa da violência dos Fanáticos", disse.
Segundo Barbosa, acabar com a Ultras é uma medida de prevenção. "A maioria dos torcedores associados é adolescente e não queremos correr o risco de que haja alguma morte." A diretoria da torcida organizada Os Fanáticos não quis se pronunciar sobre os incidentes.
Para os integrantes das torcidas organizadas, a proibição da venda de bebidas alcóolicas nas proximidades e dentro dos estádios poderia ajudar no combate à violência no futebol. "A bebida é, sem dúvida, causadora de muitas brigas entre torcedores", diz o presidente da torcida Império Alviverde, do Coritiba, Osvaldo Dietrich.
Ele sugere também a atualização do cadastro dos integrantes das torcidas organizadas. "Os nomes têm que ser repassados à Polícia e os que já se envolveram em quebra-quebra poderiam ser excluídos das torcidas", opinou.
Para o presidente da Ultras, outro fator importante para a paz no futebol seria a união entre dirigentes das torcidas. "A boa convivência entre eles conscientizaria todos os torcedores", afirmou Barbosa.
O fim das organizadas não é vista como solução. Para Dietrich, a proibição em São Paulo não diminuiu a violência. Ele também não aprova a transferência dos clássicos para o interior do Estado. "Só supondo que a violência seja culpa das torcidas organizadas, elas acompanhariam o time onde quer que ele fosse jogar. Seria só mudar o local da confusão", afirmou. Dietrich acredita que a violência do último Atletiba seja um caso isolado e que não deve se repetir.
As soluções para garantir a segurança em jogos de futebol serão discutidas em uma reunião nesta quarta-feira, a partir das 9h30 na Secretaria de Segurança. São esperados representantes da Prefeitura de Curitiba, diretoria da Urbs (empresa que gerencia o transporte coletivo na Capital), diretores de clubes de futebol, de torcidas organizadas, Federação Paranaense de Futebol e as polícias Civil e Militar.
Uma proposta apresentada pelo prefeito Cássio Taniguchi é a realização de um plebiscito. A população é que decidiria quais as soluções para acabar com a violência. Durante a reunião, o secretário de Segurança, José Tavares, deve anunciar o nome do delegado que vai investigar as causas da confusão no Atletiba.
De acordo com a Urbs, os prejuízos somam R$ 50 mil. 36 ônibus e uma estação-tubo foram depredados e mais de 20 mil pessoas deixaram de pagar a passagem. Onze pessoas foram indiciadas e mais onze menores serão ouvidos em audiência na Vara da Infância e da Juventude pelos estragos.