Nos últimos quatro dias, o torcedor são-paulino teve que se acostumar com piadinhas sobre o frango sofrido por Rogério Ceni no clássico de domingo contra o Corinthians. As brincadeiras, porém, devem continuar. Nesta quarta-feira, o goleiro voltou a falhar feio e prejudicar o São Paulo, que perdeu para o Botafogo por 2 a 0, a noite fria do Morumbi, pela sétima rodada do Brasileirão.
A segunda derrota seguida do São Paulo depois de cinco vitórias em sequência na abertura da competição deve colocar em risco o cargo de Paulo César Carpegiani, que nesta quarta-feira escalou uma equipe numa estrutura muito diferente da que brilhou no início avassalador. Ilsinho, Willian José e Fernandinho, jogadores bem quistos por ele, foram muito mal nesta noite.
O resultado também põe em xeque a opção são-paulina pela aposta nos garotos. Depois de brilharem no início do torneio, nesta quarta-feira eles voltaram a mostrar o que se espera de todo adolescente: inconstância. Luiz Eduardo, destaque da zaga, voltou a falhar e cometeu um pênalti infantil. Além disso, expôs a necessidade de reforços. Apesar do placar adverso e do péssimo futebol, Carpegini só fez duas alterações. De resto, tinha apenas jogadores de, no máximo, 19 anos no banco.
Com a vitória do Corinthians sobre o Bahia, o São Paulo perdeu a liderança do Brasileirão para o rival. Parou nos 15 pontos, contra 16 do Corinthians. O Botafogo é o terceiro, com 14.
O JOGO - Desfalcado de três de seus principais jogadores (Lucas, Wellington e Dagoberto), o São Paulo fez feio no primeiro tempo. A começar pelo lance que abriu o jogo. Somália deu passe errado no meio e armou o contra-ataque tricolor nos pés de Willian José. O garoto, parecendo cansado aos 19 segundos de partida, ficou cara a cara com o marcador, não tentou o drible, chutou de bico desde fora da área e mandou para longe.
Vaiado antes do jogo, Carpegiani desestruturou a formação que fez sucesso nas cinco primeiras rodadas do Brasileirão. Começou jogando com Ilsinho na lateral, um atacante que não sabe sair da área (Willian), Jean como volante e Marlos pela direita, para Fernandinho jogar na esquerda. Deu tudo errado.
No ataque, o time sentia falta de Dagoberto, dispensado para "curtir" os primeiros dias de vida de seu filho. Na criação, faltava Lucas, na seleção. Wellington, suspenso, desfalcava o time no setor de marcação. E o Botafogo aproveitava esses espaços, principalmente com Elkeson.
O gol que abriu o placar veio aos 36 minutos, em um chute despretensioso da intermediária. Rogério Ceni chegou com facilidade à bola batida por Elkeson no canto baixo esquerdo, mas não segurou e levou mais um frango.
Na saída do intervalo, Rodrigo Souto garantiu que o problema do time não era a falta de entrosamento, mas a ansiedade. Rogério Ceni, capitão e atleta mais experiente do time, não ajudou nesse sentido. Aos 46 minutos, foi para o ataque cobrar uma falta de muito longe. Bateu ridiculamente, jogando a bola quase na arquibancada.
A torcida pedia Rivaldo e Carpegiani dava de ombros. O Botafogo recuou na volta do intervalo e o São Paulo tinha liberdade para jogar. Faltava talento, porém. Os erros de fundamento eram constantes. Os cariocas aproveitaram o primeiro contra-ataque para marcar. Herrera foi derrubado desnecessariamente na área por Luiz Eduardo. O argentino mesmo bateu o pênalti e ampliou a vantagem.
Enquanto Herrera arruma a bola para bater o pênalti, Carpegiani finalmente conversava com Rivaldo, que entrou no lugar de Ilsinho. Fernandinho saiu muito vaiado para ser substituído por Henrique.
Mais porque o Botafogo permitiu do que por merecimento do São Paulo, o fato é que depois do segundo gol os donos da casa passaram a jogar mais no ataque, tentando tocar a bola. Apesar das boas tentativas de Marlos, que esbarrava na sua própria limitação, o São Paulo não assustava. A fraca atuação de Henrique e Willian José também ajudava a atrapalhar.
Apesar da insistência são-paulina, a melhor chance dos 40 minutos seguintes foi do Botafogo, com Caio, que invadiu a área, passou fácil pelos zagueiros e chutou por cima ao ficar cara a cara com Rogério Ceni.