Roberto de Andrade transformou a sua sala na concessionária da qual é dono, localizada perto do Parque São Jorge, na zona leste de São Paulo, em mais um território corintiano. De lá, entre um despacho e outro de algo ligado ao clube ou à venda de carros, o presidente do Corinthians atendeu o Estado e falou sobre vários assuntos. Estádio Itaquerão, elenco, Fábio Carille e eleições, entre outros.
Há sete meses, acreditava que o Corinthians viveria esta fase, liderado pelo Fábio Carille?
Nós sabíamos que teríamos um ano melhor do que foi 2016, mas seria mentira falar que sabíamos que seríamos campeões paulistas e que lideraríamos o Campeonato Brasileiro dessa forma. É uma grata surpresa. O Carille faz parte do conjunto. Antes que me pergunte por que não efetivou o Carille antes, esclareço. Simples, porque ele não se sentia pronto. No fim do ano a gente conversou e ele demonstrou estar pronto.
Clubes e empresários reclamam que o Corinthians não tem pago pelas transferências de jogadores. O que falar?
Tivemos atraso de salário por seis dias. Sim, de fato, existem atrasos no pagamento de luvas e comissão para os que chegaram agora, como o Gabriel. Mas estamos conversando e negociando as dívidas.
Dá para garantir que o elenco fica até o fim da temporada?
Temos a ideia de fazer isso, mas tem multas e detalhes que podem surgir e a gente não ter como segurar o jogador. Nossa vontade é de permanecer com todo mundo. Só vai sair alguém se for algo muito bom.
Como andam as conversas para o patrocínio master?
Existem negócios caminhando, mas não depende só da gente. A Caixa (Econômica Federal) não quis prorrogar e ofereceu valor e tempo menores do que queríamos.
A Arena Corinthians (Itaquerão) chegou a ser citada na Lava Jato e em outros casos de corrupção. Isso pode atrapalhar os negócios?
Ela não foi citada na Lava Jato coisa nenhuma.
Presidente, dentre tantas informações e delações, o ex-prefeito Fernando Haddad disse que recebeu uma denúncia de suposto pedido de propina para que o promotor Marcelo Milani não entrasse na Justiça contra uma lei que permitia à Prefeitura emitir CIDs (Certificado de Incentivo de Desenvolvimento)...
O negócio foi com a construtora (Odebrecht) que fez a arena, não com a arena. Isso não tem nada a ver com a arena.
CIDs que foram fundamentais para a construção do estádio...
Problema do ex-prefeito. Ele é que tem de falar por que o promotor queria dinheiro para liberar os CIDs. Não tem nada a ver com a gente. O CID é nosso, um ativo do clube. Não tem nada de Lava Jato no Corinthians. A lei não foi feita para o Corinthians, mas para o desenvolvimento da zona leste.
Tudo isso não afeta a imagem da arena?
Não enxergo assim. Não temos "naming rights" porque ninguém se colocou à disposição para pagar. Você sabe o motivo? Me fala, pois eu não sei. Pensa que é fácil vender o nome de um estádio em um País em que arena é um produto novo? Estamos falando de cifras altas e vivendo a maior crise da história do País.
A arena do Palmeiras também era um negócio novo e conseguiram fechar com o Allianz...
Era um outro momento. Hoje, não conseguiria vender.
Mas a Arena Corinthians existe desde 2014 e começou a ser construída em 2011...
Nós deixamos para ir atrás disso ("naming rights") quando a arena estava praticamente pronta. Erramos, podemos dizer assim, em esperar ficar pronta. Pegamos um outro momento do País. Não temos bola de cristal. O Brasil naquela época estava muito bem, tudo crescendo e indo maravilhosamente bem. Não esperávamos que fosse acontecer tudo isso.
A construção da arena foi um bom negócio?
Agora está feito. Não adianta falar se está errado ou certo. É um dos estádios mais bonitos do mundo e vamos pagar. Com dificuldades, mas vamos pagar. Infelizmente, é assim que as coisas acontecem. Tudo poderia ser diferente, mas a forma de pagar é essa e temos de nos enquadrar nisso. Não tem outra opção. Falando hoje é fácil. Naquele momento, era a forma que tinha de pagar.
Caso sua chapa seja a vencedora na eleição, em 2018, pretende continuar participando da diretoria ou do futebol?
Eu quero descansar um pouco. Claro que, se alguém precisar, pode contar comigo, mas ter o dia a dia do clube, do futebol, eu não quero. Preciso descansar um pouco e deixar quem chegar trabalhar em paz.