Futebol

O paranaense Rodrigo Bastos tem chance de medalha

09 ago 2004 às 11:10

Aos 12 anos, Rodrigo Bastos saía atrás de codornas com o pai Norton, quando a caça ainda não era proibida no Paraná. Vinte e cinco anos depois, está na Vila Olímpica de Atenas para brigar por uma medalha olímpica na modalidade fossa olímpica do tiro.

O paranaense de Guarapuava parou de trabalhar como dentista há quase um ano, depois de ter chegado à medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de São Domingos/2003 e conquistado a vaga olímpica. Conseguiu patrocínio da CBC para os cartuchos, "ganhou" um centro de treinamento em sua cidade e há dois meses vem fazendo dois mil tiros por semana com uma espingarda Baretta de cerca de US$ 5 mil, construída especialmente para o atirador brasileiro pela empresa italiana com a qual assinou contrato.


"Depois que a caça foi proibida, começamos com o tiro ao prato no clube. Realmente, acho que escolhi a modalidade mais parecida com a caça, por ser alvo móvel", contou Rodrigo, que neste domingo chegou a fazer duas séries (25 tiros cada uma) no stand onde serão as provas olímpicas em Markopoulo.


Eduardo de Oliveira, diretor da Confederação Brasileira de Tiro que acompanha Rodrigo, disse que é preciso todo dia manusear a arma, limpar, colocar óleo. "É exatamente isso: ajuda na concentração", disse o dirigente, para quem o brasileiro está entre os dez primeiros do mundo na modalidade.


Rodrigo, que esteve na Olimpíada de Seul/88 e foi sétimo colocado na fossa olímpica - sem ter nem ao menos os cartuchos -, trouxe 1.250 "de alto nível", para treinos e competição. "Esses cartuchos são mais bem feitos, para mais regularidade de velocidade do tiro, por exemplo, e portanto mais precisão", contou.


Depois de Seul, o atirador formou-se, casou, teve filhos, fez mestrado. Viajava 270 quilômetros para treinar em Curitiba aos sábados e domingos. Com a vinda do patrocinador e a construção do stand em Guarapuava, passou a atirar cerca de quatro horas por dia - praticamente o que somava no fim de semana todo.


Dezesseis anos depois de Seul/88, ele resolveu tentar a vaga olímpica pelo Pan de São Domingos/2003, "correndo por fora". Deu certo. Com quatro clínicas dentárias em sistema de franchising (três no Paraná e uma em Brasília) e dez quilos mais magro, tão preparado como seus principais adversários - italianos, australianos e portugueses -, o dentista está pronto para conquistar sua primeira medalha olímpica.

Informações do Estadão


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