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Mundo árabe

Newcastle é vendido e se torna o clube mais rico do mundo

Alex Sabino - Folhapress
08 out 2021 às 08:32

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- Reprodução/Instagram
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Eram dois os clubes mais ricos do mundo pertencentes a empresas (ou fundos) ligados a famílias reais de nações árabes. Agora são três.


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O Newcastle United (ING) foi vendido nesta quinta-feira (7) ao Public Investment Fund (PIF, Fundo Público de Investimento), o fundo soberano da Arábia Saudita, avaliado em US$ 435 bilhões (R$ 2,4 trilhões). O valor da negociação foi de R$ 2,2 bilhões.

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O clube do norte inglês se tornou do dia para a noite o mais abastado do planeta. O patrimônio do PIF supera os US$ 300 bilhões (R$ 1,65 trilhão) do Qatar Investments, fundo controlado pela família real do Qatar, dono do Paris Saint-Germain.

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Além disso, deixa para trás também os US$ 22 bilhões (R$ 121,3 bilhões) do sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan, integrante da realeza dos Emirados Árabes Unidos e proprietário do Manchester City (ING). Mas esse número é enganoso. Ele é um dos dirigentes do país, parte de família com riqueza avaliada em US$ 150 bilhões (R$ 827 bilhões).


Levado em conta o fundo soberano dos Emirados Árabes, sem ligação oficial com o City mas comandado pelo mesmo sheik, são US$ 850 bilhões (R$ 4,68 trilhões).

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A notícia é uma dádiva para os torcedores do Newcastle United. Eles conseguiram se livrar do empresário Mike Ashley, dono que desde a compra da agremiação, há 14 anos, tentava vendê-la.


Alvo de protestos durante boa parte desse período, Ashley foi acusado de não investir na estrutura, de montar elencos fracos e de ter desprezo pela tradição do clube.

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O Newcastle é um gigante adormecido do futebol britânico. Não vence um título desde 1969 (a antiga Recopa europeia) e foi campeão inglês pela última vez em 1927. Apesar dos resultados em campo, coloca 52 mil pessoas todas as semanas em seu estádio, o St. James Park.


"Sim! Nós podemos ousar sonhar de novo", escreveu no Twitter o ex-atacante Alan Shearer, um dos maiores ídolos da história do time e hoje comentarista.

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Mas nada é tão simples. A compra chegou a ser vetada pela Premier League no ano passado, e o caso foi parar na Justiça. A liga não queria permitir que um estado complacente com pirataria dos sinais de TV dos jogos do campeonato fosse autorizado a ter um clube. Há também a questão moral.


Mesmo parte da torcida se divide por causa do regime autoritário da Arábia Saudita, país em que a monarquia no poder é denunciada por contínuo desrespeito aos direitos humanos.

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O príncipe Mohammed bin Salman, que comanda de fato a nação, é acusado de ser o mandante da morte do jornalista Jamal Khashoggi, crítico do regime, assassinado na embaixada do país em Istambul, na Turquia. Ele depois foi esquartejado. Salman, conhecido pela sigla MBS, nega relação com o crime.


A Anistia Internacional do Reino Unido denunciou a proposta de compra do Newcastle, iniciada em abril de 2020, como tentativa de melhorar a imagem na nação árabe por meio do futebol.

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A mesma acusação pesa sobre as famílias reais do Qatar e dos Emirados Árabes, e isso não as impediu de transformar PSG e Manchester City em forças do futebol continental. Os três países são criticados por falta de respeito aos direitos humanos, violência contra mulheres e ausência de democracia.


A Arábia Saudita nem sequer votou a favor da declaração universal dos direitos humanos, promovida pela ONU, por acreditar que vai contra a sharia, a lei islâmica.


"Eu creio que não seja justo pedir para que torcedores assumam essa batalha. Eles gastam o seu dinheiro suado com seu time do coração e precisam se sujeitar a horários esdrúxulos para satisfazer transmissões de TV. É para isso que políticos são eleitos. Por que somos nós que temos de brigar contra a Arábia Saudita?", disse à reportagem Alex Hurst, editor do True Faith, publicação dedicada ao Newcastle United.


A BeIn, emissora de TV do Qatar que também pertence à família real e faz parte do mesmo conglomerado dono do PSG, fez queixa contra a pirataria de imagens realizada por canais da Arábia Saudita, sob as bênçãos do governo local.


Na nova composição acionária do Newcastle, que ainda vai pagar R$ 452 milhões a Ashley como dividendos, o fundo soberano saudita terá 80% do controle. Outros 10% serão da PCP Capital Partners, empresa de Amanda Steveley, financista que há quatro anos tentava montar um consórcio para comprar o clube. Os 10% restantes ficarão com os irmãos David e Simon Reuben, milionários ingleses do ramo imobiliário.


A expectativa é que o time passe, em campo, pelo mesmo processo do City, que se transformou em um dos mais fortes da Europa. Recursos não vão faltar. Não está claro, na próxima janela de transferências, em janeiro, quanto dinheiro estará disponível para contratações nem qual será o futuro do técnico Steve Bruce.
Para outras pessoas, a concretização da venda deixa um gosto amargo.


"Os poderes mundiais, especialmente os do Ocidente, permaneceram silenciosos sobre o crime e não o acusaram de nada. E nós vemos o resultado desse silêncio. Comprar este clube de futebol significa que ninguém pode pará-lo. Ele manda a mensagem de que pode comprar o que quer", queixou-se, em entrevista ao site The Athletic Hatice Cengiz, que era noiva de Jamal Khashoggi.


"Ele" é Mohammed bin Salman, e quem manda a mensagem, segundo ela, é o regime saudita.

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