Faltando quatro anos para a Copa do Mundo no Brasil, a Fifa foca a partir de agora todas suas atenções sobre a preparação do País para o evento e vai cobrar um cronograma para obras e projetos relacionados com o Mundial que a entidade quer transformar no mais lucrativo da história. A entidade máxima do futebol desembarca no Brasil nos próximos dias para começar a fase crucial dos trabalhos de preparação, em uma relação que se tornará permanente até 2014.
O secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, fará nos próximos dias sua primeira viagem ao Brasil depois de terminada a Copa do Mundo da África do Sul. Seu gabinete garante que a viagem marca o início da nova fase nas relações entre a Fifa, CBF e o governo brasileiro e de uma cobrança total sobre o País para evitar atrasos e deslizes na organização.
Em Zurique, a Copa no Brasil já está sendo calculada como a que irá gerar a maior renda na história dos Mundiais, com pacotes para patrocinadores sendo vendidos a valores mais altos que todas as Copas anteriores. A Fifa, portanto, espera uma receita de US$ 3,8 bilhões com o evento no Brasil, US$ 600 milhões a mais do que a África do Sul gerou e três vezes mais que a renda com a Copa da Alemanha em 2006.
Em sua agenda, Valcke promete tratar com prioridade da questão dos estádios e, principalmente, cobrará uma definição rápida por parte de São Paulo sobre qual o papel que a cidade de fato quer ter durante o Mundial. Um dos pontos será o de conhecer de forma detalhada o projeto para o estádio do Corinthians, que serviria para a abertura da Copa. A Agência Estado, porém, obteve confirmações de que a Fifa já foi informada do projeto, ainda que de maneira informal.
A Fifa não entende como, três anos depois de receber o direito de organizar a Copa, o Brasil ainda não definiu onde será a abertura da Copa e nem mesmo onde ficará o centro de transmissão dos jogos. Valcke vai cobrar que a CBF estipule um cronograma detalhado de como as obras devam ocorrer. Na Fifa, a falta de um calendário e atrasos em diversos projetos deixaram a entidade preocupada. Em junho, Valcke chegou a confessar que o Brasil estava dois anos atrasado em sua preparação.
Um dia após o final da Copa do Mundo da África, em julho, Valcke voltou a mostrar sua preocupação, indicando que faltava tudo ainda no Brasil para receber a Copa. ''Temos alguns problemas sim'', disse na época. ''Precisamos construir estádios, estradas, o sistema de telecomunicações, aeroportos e ver se há mesmo a capacidade suficiente em hotéis'', disse o dirigente. E ainda foi irônico: ''é tudo como sempre''.
Para coordenar todo o esforço da Fifa, a entidade está criando uma empresa que terá sede no Rio de Janeiro e atuará como a organizadora das atividades. O escritório da Fifa no Brasil pode consumir até US$ 70 milhões nos próximos quatro anos. Não pagará impostos, nem no Brasil e nem na Suíça.