Agora ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira acredita que o seu trabalho à frente da Confederação foi subvalorizado. Na carta endereçada a José Maria Marín, lida pelo novo mandatário da entidade, o cartola que dirigiu o futebol brasileiro por 23 anos demonstrou mágoa pelas críticas recebidas durante quase toda a sua gestão.
"Fui criticado nas derrotas e subvalorizado nas vitórias. Futebol em nosso país é sempre automaticamente associado a duas imagens: talento e desorganização. Quando ganhamos, despertou o talento. Quando perdemos, imperou a desorganização", escreveu Teixeira, que classificou com "injustos" os ataques contra ele.
O dirigente também valorizou o seu empenho à frente da CBF. "Presidir paixões não é tarefa fácil. Fiz, nestes anos, o que estava ao meu alcance, sacrificando a saúde, renunciando ao insubstituível convívio familiar. Ser presidente da CBF durante todos esses anos representou na minha vida uma experiência mágica. Nada maculará o que foi construído com sacrifício, renúncia e dor."
Ricardo Teixeira avalia que deixa presidência da CBF "com a sensação do dever cumprido". Na carta, o dirigente cita diversas conquistas dos 23 anos em que esteve à frente da entidade. "Nas minhas gestões, criamos os campeonatos de pontos corridos e a Copa do Brasil, aumentamos substancialmente as rendas do futebol brasileiro, desenvolvemos o marketing e, principalmente, vencemos", escreveu ele, lembrando "a conquista de mais de 100 títulos, entre os quais duas Copas do Mundo, cinco Copas América e três Copas das Confederações".
Ele também exaltou a escolha do Brasil para ser sede da Copa do Mundo de 2014. "O Brasil conquistou o privilégio de sediar o maior e mais assistido evento do mundo, se inseriu na pauta mundial, alavancou mais a economia e aumentou o orgulho de todo o povo brasileiro", listou o agora ex-presidente.
Escrevendo diretamente a José Maria Marín, seu sucessor e destinatário da carta, Teixeira avisou que dificuldades virão. "A você, desejo sorte, para que o talento se revele na hora certa; discernimento, para que o futebol brasileiro siga cada vez mais organizado e respeitado; e força, para enfrentar as dificuldades que certamente virão".
Teixeira, que estava de licença médica desde sexta-feira, encerra a carta explicando que precisa cuidar da saúde e se colocando à disposição da CBF. "A mesma paixão que empolga, consome. A injustiça generalizada, machuca. O espírito é forte, mas o corpo paga a conta. Me exige agora cuidar da saúde. Deixo a CBF, mas não deixo a paixão pelo futebol. Até por isso, a partir de hoje e sempre que necessário, coloco-me à disposição da entidade."