O momento dos técnicos contratados pela CBF não é de auge. Mas o fato de Dorival Júnior patinar no comando da seleção brasileira não quer dizer demissão sumária. Pelo menos se ele observar o grau de tolerância da entidade com Ramon Menezes, que já começou um novo ciclo à frente da seleção sub-20.
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Ramon tem mais uma oportunidade na base da seleção após viver altos e baixos com a geração passada. Foi campeão sul-americano e pan-americano, mas caiu nas quartas de final do Mundial e não conseguiu classificar o Brasil para os Jogos Olímpicos.
O presidente Ednaldo Rodrigues não fez uma reformulação na base, como ensaiou. Agora, Ramon já comanda mais uma leva de garotos na preparação para o próximo Sul-Americano, que será em janeiro.
"É entender onde você quer chegar. Ninguém quer perder. Mas você não vai só ganhar. Vai ter momentos que vamos passar dificuldades. Tomara que esse ciclo seja super positivo", disse Ramon, depois de um dos amistosos contra o México, em São Januário, na data Fifa passada.
"Infelizmente, não conseguimos a vaga nas Olimpíadas. Eu, como líder e treinador, logo depois assumi parcela gigantesca em relação a isso. Não fui o primeiro (a não se classificar). Espero que seja o último, e o Brasil nunca mais fique fora", afirmou.
Ramon repete uma frase com frequência: "Sou funcionário da CBF". Isso serve para dizer que topa os desafios que Ednaldo colocar diante dele -como treinar interinamente a principal- e também que ele toca a vida na entidade, enquanto não aparecer o presidente dizendo o contrário. Mesmo com o grau de pressão elevado depois dos recentes resultados ruins.
"Todo mundo que esteve envolvido, principalmente eu, sofreu muito ver as Olimpíadas e o Brasil não estando ali. Agora, estou tendo a chance de fazer um novo ciclo. Bem mais experiente. Passar para esses atletas até mais do que eu passei para a outra geração e continuar trabalhando. Me sinto honrado de poder iniciar esse projeto. Só que vamos buscar ser mais vitoriosos", comentou.
REVENDO PROBLEMAS
Ao iniciar um novo ciclo, Ramon sabe que tem algumas dificuldades novamente pela frente. A primeira é treinar um time na data Fifa, nos amistosos, sem ter a certeza/garantia de liberação desses jogadores para as competições.
A seleção sub-20 que ganhou dois amistosos contra o México, por exemplo, teve Vitor Roque (agora no Betis), Luis Guilherme (West Ham) e Pedro Lima (Wolverhampton). Ninguém sabe se eles efetivamente jogarão o Sul-Americano.
"Mas com toda dificuldade, nós temos os melhores jogadores", diz Ramon, que sabe que precisa aperfeiçoar a versão do "Ramonismo".
Futebol, para mim, é ter o controle das ações e dificultar as ações do adversário. Quando você não consegue, é difícil. Em vários momentos, eu consegui transmitir o que é vestir a camisa da seleção. Em outros momentos, não.
A CBF ainda não anunciou, mas deve fazer uma convocação da sub-20 mais uma vez em outubro. Ramon e Dorival, por enquanto, seguem colegas de trabalho, com o mesmo empregador.