A denúncia feita contra o atacante Gabigol, do Flamengo, pelo TJD/AD (Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem) cita uma série de comportamentos considerados inadequados do jogador. O UOL apurou que o relato dá conta que Gabigol tentou esconder a genitália na hora de urinar no pote e foi agressivo com os oficiais responsáveis pelo exame.
A procuradoria entende que esconder a genitália no momento da coleta de urina configura uma tentativa de fraudar uma fase do exame. Os advogados do jogador rebatem essa tese.
A peça de acusação considera que Gabigol tentou deliberadamente impedir o controle e ainda atrasou as coletas de sangue e urina. O teste foi realizado dia 8 de abril deste ano.
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Gabigol ficou irritado quando o oficial de controle de dopagem o acompanhou ao banheiro, segundo um dos relatórios no processo.
Pelas regras, os oficiais precisam ver a genitália do atleta para checar se a urina está saindo dele mesmo e não de uma bolsa acoplada ao corpo, por exemplo.
Gabigol disse ainda que aquele seria seu último teste, de acordo com um dos documentos.
Denunciado, Gabigol pode ser punido com até quatro anos de suspensão.
CADÊ GABIGOL?
Às 9h, os atletas que seriam alvo do teste surpresa no Flamengo já estavam posicionados na estação de coleta. Todos concordaram em fazer antes do treino, menos Gabigol.
Entre 9h e 10h, os oficiais tentaram contato com atletas e funcionários próximos a Gabigol para que fizesse exame de sangue antes do treino.
O relatório do oficial de dopagem cita que alguns atletas se recusaram a ajudar por se tratar de Gabigol.
Depois do almoço, o oficial conseguiu direcionar Gabigol para o local da amostra e aí veio a série de ações que, segundo a procuradoria, tornaram o jogador passível de ser processado e posteriormente punido.
O QUE FEZ GABIGOL
Na primeira tentativa do exame, tomou por conta própria o vaso coletor, ignorando as instruções do oficial.
Gabigol foi ao banheiro, abriu a embalagem e virou de costas para oficial. O atacante, pelo relato, falou uma frase rude.
Gabigol jogou de volta o pote, sem amostra da urina. Ou seja, primeira tentativa frustrada.
Depois de reclamações, os oficiais de controle de dopagem conseguiram realizar a coleta, numa segunda tentativa. Mas consideram que os padrões nacionais e internacionais não foram seguidos por parte do jogador.
Gabigol saiu do banheiro com o vaso coletor, deixando-o aberto sobre uma mesa. O jogador voltou para o banheiro e terminou de urinar no sanitário, ignorando os alertas do oficial.
MAIS RISPIDEZ
Gabigol perguntou, incomodado, por que estava sempre na lista.
Momentos após o treino, Gabigol passou duas vezes pela equipe responsável pelo exame. Houve um pedido para que ele começasse a preencher os formulários necessários. A resposta do jogador? "Não vou fazer agora".
Gabigol cogitou ir dormir para não se submeter imediatamente à coleta, segundo a denúncia.
Na defesa prévia enviada ao Tribunal Antidopagem, a defesa do jogador alegou que ainda que o tratamento dele com os oficiais tivesse sido desrespeitoso, isso não é passível de punição pelo CBA (Código Brasileiro Antidopagem).
OUTRO LADO
Em nota, o Flamengo disse que: "ainda não foi intimado do oferecimento da denúncia esportiva feita pela Procuradoria e, tão logo seja intimado, atuará na defesa do atleta. Não obstante, pode adiantar que não houve qualquer conduta intencional ou tentativa do atleta para afetar ou impossibilitar o controle de dopagem. O Flamengo confia na justiça desportiva e entende que os fatos narrados não configuram uma falta típica, sendo não mais que um mal entendido."
A assessoria do jogador enviou uma nota ao UOL dizendo que "o jogador do Flamengo vem a público confirmar que o exame foi realizado e o resultado apurado já deu negativo. Diante de tal informação, não há nada que possa ferir ou infringir as normas protocolares. Reiteramos que, em nenhum momento, o atleta tentou fraudar o exame."