Depois dos problemas causados pelo início do Campeonato Brasileiro em meio à pandemia de Covid-19, nas últimas rodadas esse tema cedeu espaço ao VAR (árbitro assistente de vídeo, na sigla em inglês) como objeto principal de polêmicas e debates entre atletas, técnicos, dirigentes, jornalistas e torcedores.
No último domingo (30), houve quase dez minutos de paralisação para a interferência do VAR em dois gols do Santos (que foram anulados) no duelo com o Flamengo.
Para o chefe da Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Leonardo Gaciba, as críticas em relação ao tempo de espera entre a checagem do lance e a decisão do juiz no campo são justas.
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A CBF, no entanto, não irá adotar nenhuma medida punitiva ou mudança de protocolo por enquanto. Gaciba entende que é o caso de melhorar a orientação aos juízes e operadores dos equipamentos.
"As críticas são feitas em relação ao tempo do VAR, e não ao nível de acertos. Muitas críticas por causa do tempo de espera são construtivas e justas. Temos que melhorar", afirma o chefe da arbitragem. "Eu digo que, ao menos, é bom que o nosso problema consista no tempo de revisão. É um sinal de que estamos acertando nas decisões tomadas."
Gaciba relata que, após o duelo na Vila Belmiro, conversou com a equipe de arbitragem, mas não viu erros nas tomadas de decisões e amenizou os quase dez minutos de espera. "O que aconteceu no jogo do Santos é algo incomum, mas a média geral das paralisações neste campeonato é menor. A prova disso é que o VAR não foi assunto nas cinco [primeiras] rodadas."
A Fifa, baseada na experiência da Copa do Mundo de 2018, sugere que a média das pausas seja de 1 minuto e 15 segundos.
Embora afirme que o tempo gasto com as paralisações esteja menor do que em 2019, Gaciba não soube precisar quanto.
A última vez que a CBF divulgou um balanço do uso da ferramenta, em agosto do ano passado, o tempo médio para análises dos lances era de 1 minuto e 54 segundos.
Não foi só em Santos que o VAR chamou a atenção na mesma rodada. Sábado (29), no Rio de Janeiro, o Botafogo teve dois gols anulados diante do Internacional. No fim da partida, o goleiro botafoguense Gatito Fernández, enquanto seguia para o vestiário, deu um pontapé na cabine em que o árbitro consulta as imagens no monitor.
Na madrugada do dia seguinte, o goleiro postou texto, em seu perfil no Instagram, no qual se dizia arrependido, porém não deixou de fazer críticas. "O VAR chegou para ficar e esta ajudando bastante o futebol no Brasil e em todo o mundo. O que nao pode acontecer e termos profissionais completamente despreparados para usar tal ferramenta", escreveu o goleiro.
No domingo pela manhã, no clássico entre São Paulo e Corinthians no Morumbi, o zagueiro Diego, do São Paulo, disse para o árbitro Flávio Rodrigues de Souza que havia recebido um soco do centroavante corintiano Jô.
Souza pediu uma análise do lance para o assistente de vídeo, mas depois da revisão não tomou nenhum providência e mandou a partida seguir.
O clube tricolor reclamou do trio de arbitragem para a CBF no dia seguinte. A Procuradoria do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), em posse das imagens, denunciou Jô pelo artigo 254-A (agressão física). O corintiano será julgado e poderá receber uma suspensão de 4 a 12 jogos.
"Todos reclamam quando a decisão do VAR é contra a sua equipe. É uma questão cultural no Brasil e temos que evoluir nesse ponto, ter a consciência de que o VAR está acertando em suas revisões", finaliza Gaciba.
Na quinta-feira (3), houve uma nova polêmica envolvendo uma partida do São Paulo. A equipe do Morumbi perdeu por 3 a 0 para o Atlético-MG, mas antes de levar o primeiro gol, viu o tento de Luciano ser anulado com o auxílio do árbitro de vídeo. A imagem, no entanto, deixa a marcação do impedimento questionável.