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Camisa sem partido

CBF faz campanha para despolitizar camisa da seleção

Alex Sabino - Folhapress
14 nov 2022 às 16:21

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- Arquivo FOLHA
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A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) já tinha tudo pronto. Assim que acabasse a eleição presidencial, a entidade iniciaria uma campanha imaginada pelo presidente Ednaldo Rodrigues desde março deste ano, quando foi eleito: despolitizar a camisa da seleção.


A versão oficial é que, às vésperas da Copa do Mundo, a confederação quer "celebrar a paixão" do povo brasileiro pela seleção. Mas a ideia de tentar afastar a camisa amarela da polarização política no país não é nova.

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"Nossa mensagem é de incentivo. O futebol não vive sem o torcedor. E conectar as pessoas de todas as idades, lugares, cores, raças, ideologias e religiões ao futebol é o nosso propósito", disse Rodrigues.

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Desde 2015, quando começaram os protestos contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT), a camisa da seleção passou a ser usada como símbolo da direita. Também é utilizada pelos partidários de Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas eleições presidenciais no final do mês passado pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva.

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Nos protestos que se seguiram ao pleito, apoiadores de Bolsonaro podem ser vistos com uniforme da seleção. Oposicionistas passaram a se referir a ele como "a camisa da CBF", não do Brasil.


Na festa de partidários de Lula, em São Paulo, petistas gritavam que o amarelo da seleção era "nosso", dando a conotação de que deveria ser de todos, não apenas de um espectro político.

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A mensagem casa com o que pretende a CBF, ainda mais com a eleição terminando a quase 20 dias do início do Mundial. A estreia brasileira será no próximo dia 24, contra a Sérvia.


Em parte por isso, houve desconforto com o apoio público de Neymar a Bolsonaro. Havia sido passada a mensagem de que os jogadores deveriam se abster de manifestações antes da eleição. Mas ninguém teve coragem de cobrar o principal jogador da equipe.

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A ideia da confederação é que, em todas as oportunidades, dirigentes, jogadores e comissão técnica reforcem a mensagem de união. A consequência disso seria despolitizar o amarelo do uniforme e fazer com que ninguém se sinta constrangido em usá-lo e ser identificado como apoiador de Bolsonaro.


Minutos antes do anúncio dos 26 convocados, a CBF apresentou comercial que vinha sendo preparado pela Yeap Filmes nos últimos meses. Com sequência de imagens de gente com a camisa da seleção, a trilha sonora é a música "Ela me Faz tão Bem", de Lulu Santos.


O vídeo, em versão de 30 segundos, passou a ser veiculado em emissoras de televisão.


A preocupação da CBF é institucional, não comercial. A entidade ainda não conseguiu apresentar à Nike sua reivindicação a respeito do pagamento de royalties pela venda das camisas. Como não recebe nada, a alta ou baixa na comercialização dos uniformes não afeta o caixa da confederação.

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