O comentarista e ex-jogador Walter Casagrande Jr disse, na estreia de seu blog para o site Globoesporte.com, que poderia ter feito mais na luta contra o preconceito quando era um jogador de destaque no futebol brasileiro.
Citando casos recentes de jogadores e clubes que se posicionaram diante de episodios de grande repercussão mundial, como a morte de George Floyd por um policial nos Estados Unidos, Casagrande disse que foi "tímido no assunto" quando jogava e fez uma mea-culpa, embora tenha lembrado de sua participação no movimento das Diretas Já.
"Perdi uma grande chance de fazer a diferença na luta contra o preconceito. Tive coragem, porém, para utilizar o meu espaço para lutar pelas Diretas Já, algo que me marcou tanto quanto os mais importantes gols que fiz. Digo isso não para me colocar acima ou no mesmo patamar de quem quer que seja. Falo apenas porque vi de perto o quão poderoso o esporte pode ser além do espetáculo", explicou.
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De acordo com Casagrande, é válido olhar os exemplos de atletas como Muhammad Ali e Colin Kaepernick, que se posicionaram contra a desigualdade racial de forma veemente. No Brasil, ele citou especificamente os casos do Bahia e do jogador do Fluminense Igor Julião, mas disse que vê um movimento mais forte de posicionamento.
"Atletas e clubes resolveram se posicionar e abraçar a luta contra o racismo. Em um país que se acostumou a chorar de maneira contida as milhares de mortes de Tabatas e Joãos, a escalada de manifestações e declarações de repúdio ao racismo é motivo de esperança", escreveu.
Para Casagrande, no entanto, é esperado um posicionamento mais forte dos grandes esportistas do país. "O alento é que o que vimos nos últimos dias tem potencial para ser um ponto de inflexão para que os principais nomes do esporte do país assumam também uma postura de mais responsabilidade social perante os fãs", disse.