Ariel Holan, 60, tem pouco mais de um mês de trabalho à frente do Santos, mas comandou o time em somente quatro partidas, com duas vitórias, um empate e uma derrota.
A escassez de jogos é reflexo dos impactos da pandemia de Covid-19 no calendário do futebol brasileiro, assim como os constantes desfalques com os quais o técnico tem de lidar.
Nesta terça-feira (6), dificilmente o treinador poderá contar com Soteldo ao longo dos 90 minutos (ele deve começar no banco) da primeira partida com o San Lorenzo (ARG), às 21h30, na Argentina, pela terceira fase eliminatória da Libertadores, a última antes dos grupos –o SBT exibe o confronto.
O venezuelano perdeu duas semanas de treinos após ficar "aprisionado" em seu país desde o último dia 16, quando o Santos empatou com o Deportivo Lara (VEN).
Depois do duelo, ele ganhou folga e teria de retornar no dia 20, mas a suspensão de voos na Venezuela adiou sua volta. Apenas na última quinta (1º) ele foi reintegrado ao elenco.
O duelo com o Lara foi o último compromisso do Santos. Com a suspensão do Campeonato Paulista em 16 de março devido ao avanço da pandemia no estado, a equipe ficou quase três semanas sem jogar.
No período, o clube se concentrou em um hotel em Atibaia. A intertemporada forçada, porém, terminou com a lesão do volante Sandry, que rompeu o ligamento cruzado do joelho direito e ficará afastado por até nove meses.
Os problemas que se acumulam à frente de Holan não parecem o abalar. Além de ter assumido o Santos ciente da crise financeira enfrentada pelo clube, o técnico entende que, enquanto durar a pandemia, será preciso buscar soluções caseiras.
"É um sentimento de muito orgulho estar aqui e aproveitar essa fantástica oportunidade, mesmo num momento muito difícil para a humanidade, difícil para o Brasil e difícil para o Santos. O clube está numa crise econômica, financeira, então é preciso fazer um trabalho intenso com os jogadores jovens", disse.
Dos prováveis 11 titulares nesta terça, 7 são formados nas categorias de base santista.
Ainda que quisesse trazer reforços, o Santos segue sem poder registrar novos atletas por causa de uma dívida com o Huachipato (CHI) pela contratação de Soteldo.
A equipe precisa pagar ou chegar a um acordo para quitar a dívida de 3,5 milhões de dólares (R$ 19,8 milhões), referente à compra de 50% dos direitos do meia-atacante em 2019.
Holan já sabia desse obstáculo quando aceitou a proposta de trabalhar no Brasil. Com passagens por Defensa y Justicia (ARG), Independiente (ARG) e Universidad de Chile, ele se tornou um especialista em fazer bons trabalhos a despeito de poucos investimentos.
Além de apostar em jovens, faz parte da metodologia o uso de tecnologia nos treinamentos, uma bagagem que carrega desde os tempos em que foi técnico de hóquei.
Holan costuma preocupar-se com o bem-estar dos atletas fora dos gramados. Foi por isso que deu folga a Soteldo, que não via a família havia um ano.
Nas redes sociais, o treinador dá atenção aos torcedores e costuma passar mensagens de conscientização sobre a pandemia. Além de aparecer de máscara na maioria das fotos, o argentino pede que todos respeitem os protocolos de proteção contra a Covid.
"Neste momento, é muito importante tomar todas as medidas de prevenção para não contrair o vírus", ressaltou.
Devido à manutenção das restrições em São Paulo, o confronto de volta com o San Lorenzo está marcado para Brasília, no dia 13.
SAN LORENZO
Devecchi; Peruzzi, Gattoni, Braghieri e Pitton; Elias, Rodriguez, Angel Romero, Oscar Romero e Ramirez; Di Santo. T.: Diego Dabove
SANTOS
João Paulo; Pará, Kaiky, Luan Peres e Felipe Jonatan; Alison, Vinicius Balieiro e Gabriel Pirani; Marinho, Marcos Leonardo e Ângelo. T.: Ariel Holan
Estádio: Nuevo Gasómetro, em Buenos Aires (ARG)
Horário: 21h30 (de Brasília) desta terça-feira (6)
Árbitro: Wilmar Roldán (COL)
VAR: Martin Vazquez (URU)
Transmissão: SBT e Conmebol TV