"O Brasil está vivendo um momento tão estranho que conversar faz bem", disse o jornalista Paulo Markun, ao falar sobre o mais novo programa de entrevista da TV Brasil que irá comandar, o Palavras Cruzadas, que estreia nesta quarta-feira (16). Segundo o jornalista, o objetivo do programa é ser um espaço de debates, que contribua para a diminuição da polarização de ideias.
"Acho que [o programa] pode permitir que se explicitem as ideias e os pontos de vista com pouco mais de tempo. Muitas vezes, nas próprias redes sociais, as coisas se reduzem a 140 caracteres e está resolvido, meia dúzia de chavões e não vamos sair da crise que o Brasil está envolvido desta maneira", disse Markun, que participou do programa Sem Censura, da TV Brasil, no Rio de Janeiro, na última sexta-feira (11).
"A televisão, mutias vezes, se dobra de tal maneira à necessidade da busca de audiência que isso [o aprofundamento das discussões] se perde. Uma TV pública tem por compromisso fazer esse trabalho e espero que possamos levar isso na prática".
O Palavras Cruzadas será exibido às 22h, e terá uma hora e meia de duração. A direção é de Albino Castro. Markun será acompanhado da jornalista Teresa Cruvinel, que já presidiu a EBC, e mais três entrevistadores a cada programa.
"A Teresa Cruvinel é participante permanente do programa e os outros três entrevistadores serão variáveis e escolhidos de acordo com o personagem que estará no centro do debate, com capacidade de fazer as perguntas apropriadas e necessárias", disse Markun.
Para o jornalista, que comandou o programa Roda Viva, da TV Cultura, por dez anos, a principal preocupação na escolha dos entrevistadores é com a capacidade de saber ouvir o entrevistado e ter conhecimento sobre o assunto para chegar aos pontos essenciais. "Acho que é fundamental que haja curiosidade de quem pergunta. Acho que a pluralidade é fundamental na escolha dos entrevistados, procurar buscar um panorama da sociedade, os pontos de vista divergentes, as opiniões contrárias e fazer isso ao longo do tempo".
A primeira convidada será a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Carmen Lúcia, futura presidenta da Corte a partir de setembro. Markun disse que foi uma "longa batalha" conseguir convencer a ministra a participar do programa. "A ministra não é de dar entrevistas e pouco presente na mídia, mas é boa de conversa e muito interessante. Ao mesmo tempo, ela não é governo e não é oposição, mas é integrante de um poder que está na crista da onda e se posiciona firmemente nesse cenário que a gente está vivendo. Foi uma escolha bastante feliz e marca um pouco essa busca por pluralidade e aprofundamento".
No primeiro programa, os entrevistadores serão a jornalista Claudia Safatle, diretora da sucursal do jornal Valor Econômico em Brasília; o jornalista Márcio Chaer, diretor da revista eletrônica Consultor Jurídico e a colunista da Folha de S.Paulo, Mônica Bergamo.
O entrevistado no segundo programa será o secretário nacional para a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), Marco Aurelio Klein, que terá a tarefa de fazer mais de 6 mil análises de doping durante a Olimpíada e Paralimpíada do Rio de Janeiro.