O túnel aberto numa rocha do Parque Tanguá foi o inusitado cenário escolhido pelo diretor paranaense Guilherme Durães para estrear nacionalmente o seu espetáculo "A-tor-men-ta-do Calibanus", no 10º Festival de Teatro de Curitiba. Baseado na obra "A Tempestade", de Willian Shakespeare, o monólogo aborda as contradições das culturas urbanas.
A dramaturga e assistente de direção do espetáculo, Margarida Gandara Rauen, diz que a participação no 10º Festival de teatro de Curitiba é um reconhecimento ao processo profissional da equipe. Ela e Durães estão há dois anos trabalhando exaustivamente neste projeto. A cenografia e adereços da montagem é de Délcio Dembisky e a direção de produção é assinada por Louriete Luzia dos Santos.
O monólogo, interpretado pelo próprio Durães, terá cerca de 1h30 de duração. "Tudo dependerá da reação do público, já que o espetáculo é interativo", explica Margarida.
Doutora no assunto pela Universidade americana de Michigan, a dramaturga trabalha com a obra de Shakespeare há 18 anos. "Ao recriar o personagem Caliban de "A Tempestade", de Willian Shakespeare, Durães considera não só os problemas deixados pelo processo colonizador nas Américas, mas a co-responsabilidade dos povos que, miscigenados, nelas passaram a viver", diz Margarida.
Segundo Durães, o túnel/caverna do Parque Tanguá foi escolhido como cenário por ser um ambiente já alterado pelo ser humano e que coloca a natureza à serviço do desenvolvimento urbano.
"É diferente de um teatro convencional. É um cenário fascinante para uma peça que trata das contradições das culturas urbanas, das pessoas que buscam liberdade em parques e outros locais que não são mais estritamente naturais", justifica o diretor. A peça original "A Tempestade", de Shakespeare, foi publicada pela primeira vez no ano de 1623 e trata da retomada do poder político e social.