Acaba de ser lançado pela Continental East West o primeiro CD do veterano Gerson King Combo, que teve seu último disco gravado no final dos anos 70. O jejum de 23 anos está sendo quebrado com o CD "Mensageiros da Paz", que tem participações especiais de Sandra de Sá, Cidade Negra e Clave do Soul. Há 20 dias no mercado, o disco já vendeu 50 mil cópias. A previsão é de que o show chegue a Curitiba em setembro.
Em seu longo e respeitável currículo, Combo inclui passagem pelos grupos Renato e Seus Blue Caps e Fevers. Além disto, ele é um dos responsáveis pela chegada da música black ao Brasil.
Quando fazia com Wilson Simonal a turnê "De Cabral a Simonal", no início dos anos 70, o show passou por Porto Rico. "Quando estávamos num cassino em San Juan, onde estava tocando a nata do soul, vi o James Brown e não tive dúvidas: subi no palco e comecei a dançar", conta ele.
Depois disto, quando retornou ao Brasil, deu início ao movimento Black Rio. Nesta época, nasceu o conjunto Gerson Combo Brazilian Soul, com a intenção de fazer música negra e dançante.
Em 1977, no auge do movimento (que passou a contar com Simonal, Jorge Ben, Tim Maia, Toni Tornado e outros artistas), Combo lançou seu disco, que trazia na contracapa um telegrama de apoio ao movimento assinado pelo próprio James Brown. Hoje, os originais deste vinil são consideradas raridades em sebos brasileiros e custam no mínimo R$ 100,00 cada.
Depois de tanto sucesso, Combo se afastou temporariamente da música e foi trabalhar num projeto da prefeitura do Rio de Janeiro que atende crianças excepcionais. Trabalho que, aliás, continua desenvolvendo com entusiasmo. "Não largo jamais, senão não tenho forças para nada", afirma.
Paralelamente, neste ano, Combo decidiu retomar sua carreira artística, iniciando uma nova fase. O novo CD tem 14 faixas, das quais 11 são inéditas, apresentando embalos soul, funk, hip hop e black. Entre os sucessos antigos que foram regravados estão as antológicas "Funk Brother Soul", de 1978, e "Mandamentos Black". A produção do disco é de Pedrinho da Luz e Jairo Pires e a direção artística de Wilson Souto Júnior.
Nas apresentações de "Mensageiros da Paz" , Combo comemora o ecletismo do público. "Vejo carinhas brancas, negras, no maior clima de paz", afirma. Segundo ele, no início do movimento black no Brasil, havia grande discriminação e separação étnica de acordo com o tipo de música ou do artista. Sem nenhuma pretensão, ele comenta que o trabalho que desenvolveu nos anos 70 contribuiu para esta miscigenação entre as platéias. "Acho que de certa forma fui um mensgaeiro da paz, unindo diferentes públicos".