Esculturas desenhadas no espaço, com os corpos humanos chegando ao limite da resistência e da concentração, são a marca do Circo Imperial da China, que pela primeira vez se apresenta em Curitiba. Na quarta-feira esgotaram-se os cerca de 6 mil ingressos colocados à venda para o espetáculo que faz sua estréia nesta sexta no Guairão, e termina domingo. POr isso na quinta a bilheteria abriu para vender um novo lote de mais 2 mil bilhetes para uma sessão extra que será realizada no sábado, às 17 horas.
Apesar das luzes e cores tornarem as acrobacias e os exercícios ainda mais portentosos, a base desses números vem de tempos antigos, algo em torno de 2 mil anos atrás. É a tradição de um povo sendo mostrada ao redor do mundo, assim como encantou platéias no passar dos séculos.
O Circo Imperial da China faz sua segunda temporada no Brasil. A trupe é formada por 48 artistas entre bailarinos, acrobatas, contorcionistas que levam à cena 17 performances. Em alguns momentos o público fica sem respirar. Um dos momentos mais emocionantes é o "muro humano": 21 acrobatas criam uma parede com seus corpos, num desenho que beira o impossível.
A arte asiática tem raízes nas dinastias Qin e Han (221 a.C. - 220 D.C.), apesar dessa manifestação retroceder a épocas mais antigas. Porém, é no período Han que ela ganha a condição de entretenimento popular. As trupes eram em sua maioria formadas por membros de uma mesma família. Aquilo que elas criavam perpetuou-se e, com algumas modificações e adaptações, são apresentadas até hoje.
Por alguns séculos os acrobatas divertiram os nobres. Na passagem dos tempos as platéias que os aplaudiam foram mudando gradativamente e os plebeus passaram a acolhê-los, ao contrário da indiferença das cortes. Foi então que os circenses se misturaram aos titeriteiros, mágicos, dançarinos, contadores de histórias que cruzavam o interior da China levando seus espetáculos mambembes.
O governo chinês começou a ter controle sobre as trupes e os artistas individuais, e assim foi asfixiando a sua arte. Essa imposição do poder acabou por destruir boa parte da estrutura que até então os circenses mantinham. Durante os séculos 19 e 20 eles haviam perdido muito de sua antiga glória. O público, por sua vez, não tinha mais interesse por essa gente que vagava sem muita razão.
Foi em 1949 qwue a República Popular da China trouxe de volta a tradição milenar financiando seus espetáculos. As trupes que teimavam em existir aproveitaram os bons tempos que surgiam para elas e reegueram-se. O circo chinês ganhou novamente forma de arte popular.
Nessa onda de renovação buscaram-se adereços para as fantasias, novos quadros e iluminação eficiente. O Circo Imperial Chinês é o mais importante grupo dessa nova fase. Como um cartão de visitas de seu país, a companhia vem rodando o mundo nos últimos 35 anos.
Serviço: Circo Imperial da China. Espetáculo inédito em Curitiba. Estréia hoje no Guairão, às 21 horas. Amanhã, sessão extra às 17 horas e às 21 horas. Domingo às 16 e 19 horas. Ingressos à venda (somente para a sessão extra de sábado): R$ 45,00 (platéia), R$ 35,00 (primeiro balcão), R$ 25,00 (segundo balcão). Não serão aceitos cheques.