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O choro não morre em Curitiba

22 abr 2001 às 18:24

Bandolim, pandeiro, clarinete e violão. Pode ser também flauta, cavaquinho e violão, como é mais tradicional. Pronto. Está formada a roda de choro. Nada mais alegre, criativo e contemporâneo. Em Curitiba o grupo Retratos é o mais conhecido pelas rodas de choro, que têm como característica básica a forma chorada de execução, com acompanhamento de notas graves do violão.

O nome engana. Nem sempre o choro é triste ou melancólico. Na maioria das vezes é rápido e alegre nos seus acordes. "Antigamente, no final do século 19, usava-se muito o piano nas rodas de samba. Mas a dificuldade de transporte acabou por eliminar esse instrumento. Em geral, as rodas de choro ocorrem em bares ou casas de amigos e são sempre divertidas e informais", conta o violonista João Egashira. Ele e o músico Sérgio Albach são os responsáveis pela cena de choro em Curitiba.


O maior impulso das rodas de choro na cidade foi dado pelo Conservatório de MPB da Fundação Cultural de Curitiba. Há duas turmas de "Prática de Choro" e as aulas de instrumentos musicais sempre dão um enfoque especial ao repertório de choro. Os professore de "Prática de Choro" são, justamente, João Egashira (violão) e Sérgio Albach (clarinete), líderes do grupo Mandando Lima, ao qual se juntaram Luciano Lima (violão de sete cordas) e Gabriel Schwartz (flauta), seus ex-alunos. "Tocamos os choros tradicionais com muito improviso e só instrumental", conta João.


João e Sérgio já participaram de outras formações de grupos de choro, como "Ou vai ou racha" e "Bem Brasil", que se extinguiram. Havia também a Roda de Choro, no Sebo de Elite. Hoje, os grupos mais atuantes são o "Choro e Seresta", que também é o mais tradicional e toca aos domingos no Largo da Ordem; e "Simplicidade", que apresenta-se aos sábados à tarde no Parque Bargui.


O grupo Mandando Lima, com a formação antiga de Retrato, tocava no Restaurante Beto Batata, mas a hora do almoço tumultuava muito as apresentações. Os músicos estão negociando um horário alternativo ou quem sabe um outro local.


De volta ao radio


A Rádio Educativa FM 97.1 volta a ter um programa dedicado ao chorinho. Estréiou ontem, às 7h30, "Chorões, dos Antigos aos Contemporâneos". O nome já indica a seleção musical - abrange desde os músicos já consagrados da velha guarda aos novos talentos que se renderam à música nascida nos arrabaldes cariocas no final do século passado.


Para se ter idéia do que virá pela frente, o programa escalou para seu início o disco-solo de Maurício Carrilho, sobrinho do célebre Altamiro e filho de um chorão pouco conhecido pelo grande público: Álvaro Carrilho. Em síntese aqui estão dois artistas inteiramente dedicados ao gênero mais resistente da música popular.


Embora não seja a primeira música feita no Brasil, o choro é considerado a genuína manifestação nacional no seu sotaque e na sua concepção. Ao longo do tempo bem ou mal ele se mantém, sempre à margem dos modismos. Entram e saem ritmos no gosto popular, mas para os apreciadores do choro ele está acima de tudo.


"Chorões, dos Antigos aos Contemporâneos" não só divulgará o gênero como também irá relembrar os clássicos e mostrará releituras dessas composições consagradas. Ainda informará aos ouvintes sobre lançamentos de discos e livros que tratam do assunto.


O programa será apresentado por William Sade, respeitado profissional da rádio paranaense. A produção é de Thaís Aguiar. Para quem não puder sintonizar a Educativa FM 97.1 nas manhãs de sábado, "Chorões, dos Antigos aos Contemporâneos" terá reapresentação em horário alternativo às quintas-feiras, às 22h30.

Serviço: "Chorões, dos Antigos aos Contemporâneos", aos sábados, às 7h30, na Rádio Educativa FM 97.1. Reapresentação em horário alternativo na quinta-feira, às 22h30. Telefone para contato: 322-0062.


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