Era uma vez uma órfã linda e boazinha que sofreu muito com as maldades da madrasta até que encontrou um príncipe encantado e os dois viverem felizes para sempre. A tão famosa história da Cinderela ou Gata Borralheira, que ainda envolve uma fada madrinha e lindos sapatinhos de cristal, é conhecida em todo o mundo. Existem variações lá e cá, mas a essência é sempre a mesma.
Para chegar ao texto final de ''Maria Borralheira'', que a carioca Companhia Ludus apresenta nesta quarta e quinta-feira no Teatro Zaqueu de Melo, o autor Augusto Pessôa, legítimo contador de histórias, teve contato com mais de 300 relatos e versões dos mais variados cantos do planeta. ''Só em Sergipe foram três relatos diferentes'', conta o diretor Rubens Lima Júnior.
Nascida há quatro anos no meio universitário carioca mais especificamente no núcleo de pesquisas cênicas a Ludus foi agraciada no Projeto de Incentivo à Cultura do Estado do Rio de Janeiro. ''Com a verba conseguimos montar Maria Borralheira'', lembra o diretor. ''Nós usamos sucatas nos cenários. É tudo muito simples e com uma inspiração naif'', rela Lima Júnior.
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Mas nada que decepcione as crianças, para quem o espetáculo é dirigido. ''Elas ficam encantadas com as cores, os bonecos'', avisa a produtora Simone Beghinni. E são eles, os bonecos, as estrelas do palco. Augusto Pessôa, que vive o narrador da história, e Rodrigo Lima, o violeiro, são as duas únicas presenças de carne e osso. Todos os outros personagens são bonecos, mas sem necessariamente, seguir o desenho clássico e tradicional.
''A madrasta, por exemplo, é uma vassoura de palha bem feia'', diz o diretor. ''Os bonecos entram em cena para marcar momentos importantes da história'', avisa. Além das vassourinhas-irmãs ''feinhas, mas engraçadíssimas'' da Borralheira, também surgem três velhas, uma vaquinha mágica e até uma santa. Peraí, vaquinha mágica e santa na história de Cinderela?
''A vaca é a fada madrinha da Maria Borralheira e foi tirada de um dos relatos de Sergipe'', garante o diretor. Já a santa também tem a ver com a cultura popular nordestina e a fé bem brasileira. ''O narrador e o violeiro sempre pedem licença à ela para contar uma história'', explica Lima Júnior.
Longe de ser uma moça boazinha 24 horas por dia, a Borralheira carioca ''de bobinha não tem nada'', garante. Ela não só devolve umas maldades, como também ensina tudo errado para as meias-irmãs quando estas lhe pedem dicas sobre como conseguir uma vaca mágica também.
''Tem sempre essa polêmica, mas todos os envolvidos na criação são professores ou educadores'', explica Lima Júnior, que também é professor de interpretação no Rio de Janeiro. ''É um espetáculo para qualquer idade. Mas para compreensão, é indicado para os maiores de cinco, seis anos'', diz.
E o sapatinho de cristal? ''Tem um sapato antes, que vem de uma história russa, quando o pai da Borralheira presenteia a filha com um sapato de ferro e avisa que só vai se casar quando o tal estiver gasto. É aí que a futura madastra ensina que a menina deve fazer xixi nele'', conta o diretor. ''Ah, e tem um final feliz bem bacana também'', avisa. Claro, é assim mesmo que terminam os contos de fada.
Serviço:
Maria Borralheira
Companhia Ludus Produções Artísticas (RJ)
Texto: Augusto Pessôa
Direção: Rubens Lima Júnior
Elenco: Augusto Pessôa e Rodrigo Lima
Produção: Simone Beghinni e Renê Pinheiro.