Neville Longbottom
Mesmo após vencer o Emmy de melhor minissérie neste domingo (19), o sucesso "O Gambito da Rainha" (Netflix, 2020) não terá uma sequência. Scott Frank, produtor executivo, deixou claro que está satisfeito com a temporda. "Eu sinto que contamos a história que queríamos contar", afirmou.
"E eu me preocupo –deixe-me colocar de outro modo– eu fico aterrorizado de que se tentarmos contar mais nós poderíamos arruinar o que fizemos", completou. A produção de sucesso contou a trajetória da personagem Beth Harmon (Anya Taylor-Joy) que se tornou uma das maiores enxadristas da história.
O produtor William Horberg ainda disse que gostaria de trabalhar com a equipe novamente. "Todos nós certamente vamos tentar continuar trabalhando juntos", afirmou. "Absolutamente", respondeu Taylor-Joy, 25.
A série superou outras quatro produções de sucesso na noite do Emmy, vencendo "Mare of Easttown", "I May Destroy You", "WandaVision" e "The Undergound Railroad". Além disso, também conquistou o prêmio de melhor direção para Scott Frank.
A produção é ambientada nos Estados Unidos nas décadas de 1950 e 1960, e mostra a ascensão de uma jovem órfã que descobre sua paixão pelo xadrez e enfrenta esse universo competitivo e repleto de homens, enquanto lida com sua relação autodestrutiva com as drogas e álcool.
Recentemente, a campeã pioneira de xadrez chamada Nona Gaprindashvili, a primeira mulher a conquistar o título de grande mestre, processou a Netflix na Justiça federal americana em Los Angeles, buscando milhões de dólares em indenização.
No último episódio, um locutor narra e comenta lance a lance uma partida de xadrez, durante um torneio culminante que a protagonista, Anya Taylor-Joy, disputa em Moscou.
"A única coisa incomum nela, na verdade, é o seu sexo, e nem mesmo isso é único, na Rússia", entoa o locutor, enquanto a câmera focaliza uma mulher acomodada entre os espectadores do torneio. "Temos Nona Gaprindashvili, mas ela é a campeã mundial feminina de xadrez e nunca jogou contra homens".
A petição de Gaprindashvili define como "uma falsidade devastadora, que solapou e depreciou as realizações dela diante de uma audiência de milhões de pessoas", e solicitando que o texto que fala sobre ela não ter enfrentado homens seja retirado.
Ela tem 80 anos, e vive em Tbilisi, a capital da Geórgia, um país à beira do Mar Negro, e ficou incomodada por o programa de televisão ter desconsiderado suas numerosas vitórias contra oponentes homens. (Uma manchete de 1968 do The New York Times, por exemplo, aponta: "Xadrez: Gaprindashvili derrota sete homens em torneio forte".)
"Eles estão tentando afirmar que uma personagem fictícia abriu caminhos para outras mulheres, quando na realidade eu já tinha aberto esses caminhos, e inspirado gerações de enxadristas", disse Gaprindashvili em uma recente entrevista por vídeo organizada por seus advogados, falando em georgiano, traduzido para o inglês por seu neto. "Essa é a ironia".