O tanzaniano Abdulrazak Gurnah, vencedor do Nobel de Literatura de 2021, é muito pouco conhecido no Brasil –afinal, nunca foi editado no país.
Radicado no Reino Unido, ele é autor de dez romances, publicados de 1987 até 2020, que exploram principalmente os efeitos do colonialismo e do desterramento das populações africanas. Conheça abaixo suas principais obras.
'Memory of Departure' (1987)
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O romance de estreia de Gurnah já apresenta os principais temas de sua carreira –um jovem decide escapar da situação de miséria de sua família em meio à independência de seu país, que coloca no poder um novo governo que aumenta as restrições ao estudo. Ele foge para Nairóbi, no Quênia, para morar com um tio rico.
'Paradise' (1994)
É seu romance mais conhecido, indicado ao prêmio Booker e tido como determinante para a escolha do comitê do Nobel. A narrativa acompanha o menino Yusuf, filho de um hoteleiro tanzaniano, que é dado por seu pai a um comerciante, Aziz, como contrapartida de uma dívida. As viagens que o garoto faz com Aziz pelo interior do Congo levanta comparações a "Coração das Trevas", de Joseph Conrad, mas pelo ponto de vista africano.
'Desertion' (2005)
O elogiado romance intercala duas histórias de amor proibido –um explorador inglês que se apaixona pela jovem que cuida de sua recuperação enquanto ele convalesce numa viagem pela costa leste da África; e o narrador, que cai de amores pela neta dessa enfermeira 50 anos depois. As histórias servem para matizar a evolução e as consequências do colonialismo africano.
'Afterlives' (2020)
O romance mais recente do escritor ilustra os efeitos da violenta colonização alemã no início do século 20 na Tanganica, hoje Tanzânia, a partir de um mosaico de personagens. Entre eles, estão um soldado treinado pelos alemães que retorna ao vilarejo natal e um jovem que se alista numa milícia local que tem a reputação de infligir crueldades sobre os seus pares africanos. "Em um mundo que usa as destrutivas erupções de guerras como marcadores da história, Gurnah mostra o conflito global do ponto de vista daqueles que decidiram olhar um para o outro e sobreviver", descreve um crítico do britânico The Guardian.