A Academia Sueca anunciou que poeta americana Louise Glück foi a vencedora do prêmio Nobel de literatura deste ano, numa escolha surpreendente de um nome pouco cotado nas apostas para o troféu.
A escritora de 77 anos, professora da Universidade Yale, nos Estados Unidos, já venceu prêmios importantes em seu país, como o Pulitzer, o National Book Award e a Medalha Nacional de Humanidades.
O comitê do Nobel apontou que Glück levou o prêmio por sua "voz poética inconfundível que, com beleza austera, torna universal a existência individual".
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A escolha parece sinalizar uma pacificação após os anos mais tumultuados da história da premiação.
Em 2017, um escândalo fez tremerem as bases do comitê do Nobel e cancelou a entrega do prêmio no ano seguinte -foi a primeira vez que isso aconteceu por um motivo que não fosse uma guerra.
O pivô foi o fotógrafo Jean-Claude Arnault, condenado à prisão pelo crime de abuso após 18 mulheres o acusarem numa reportagem do jornal sueco Dagens Nyheter. Ele administrava com a esposa, a poeta Katarina Frostenson, membro da Academia Sueca, uma fundação cultural que recebia dinheiro da própria instituição.
O mesmo jornal fez a denúncia de que Arnault vazara informações sobre o vencedor do Nobel de literatura sete vezes em 20 anos. Vários integrantes da Academia se desligaram da instituição após a crise, incluindo Frostenson, levando à suspensão do prêmio por um ano.
Na cerimônia do ano passado, já com a adição de novos membros, o Nobel fez uma escolha que soou como provocação aos críticos.
Junto com Olga Tokarczuk, autora polonesa a quem foi concedido o troféu atrasado de 2018, anunciaram o nome de Peter Handke, escritor austríaco acusado de racismo e com notório posicionamento de negação do genocídio na Bósnia.
A Academia Sueca, fundada há 232 anos pelo rei da Suécia para proteger o idioma nacional, seleciona o vencedor do Nobel de literatura desde 1901. Outras instituições escandinavas selecionam os outros prêmios Nobel.
Dos 117 escritores escolhidos até hoje, apenas 16 foram mulheres, incluindo Glück. A única negra a vencer foi a americana Toni Morrison, morta no ano passado. O único homem negro premiado foi o nigeriano Wole Soyinka, em 1986.
O eurocentrismo também sempre marcou o Nobel de literatura e perdura ainda hoje. A maioria dos premiados da última década veio do continente europeu.
A França lidera a lista de nacionalidades, com 11 premiados, seguida pelos Estados Unidos, com dez. O último deles havia sido Bob Dylan, em 2016, outra das mais polêmicas escolhas do comitê sueco –já que o cantor e compositor é mais conhecido por suas músicas que pela autoria de livros.