Num livro publicado na França, país onde as manequins são agora obrigadas a ter uma declaração médica que confirme que são saudáveis, Victoire conta as dificuldades que passou. Victoire Dauxerre Mason sofreu anorexia quando era modelo.
Aos 18 anos, enquanto modelo, o regime alimentar de Victoire, de 1,78 metros, era rígido: três maçãs por dia para uma refeição, peixe ou frango uma vez por semana. Pesava 47 quilos. Cinco anos após uma carreira fugaz de oito meses – nos quais desfilou nas mais importantes semanas de moda internacionais (Paris, Milão e Nova Iorque) e para grandes casas de moda (Alexander McQueen, Céline, Miu Miu) – a jovem felicita a legislação aprovada em França, mesmo que venha com "dez anos de atraso".
"Não podemos impor um corpo doente como um ideal de beleza. É um crime", diz Victoire Mason, agora com 23 anos. Se a legislação estivesse em vigor quando desfilava, teria sido impedida de trabalhar. "Um médico teria visto que o meu pulso estava fraco, que estava a perder o meu cabelo, que tinha osteoporose, que não tinha menstruação", enumera.
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No livro Jamais assez maigre: Journal d'un top model (Nunca suficientemente magra: Diário de uma supermodelo, em tradução livre), Victoire, hoje com 64 quilos e um tamanho 38, reconta vários episódios pelos quais passou quando era uma das modelos mais requisitadas da indústria. "Ninguém me disse: 'Tu tens de perder peso. Disseram-me: 'Em Setembro vais desfilar nas Semanas de Moda, o tamanho das peças será 32-34, tens de caber nelas'. Foi aqui que eu devia ter saído", lamenta.
Nos bastidores dos desfiles, comeu à frente das câmaras e depois foi "provocar o vômito no banheiro", participou em sessões fotográficas "onde só os fotógrafos comeram" e desmaiou por fome e exaustão no meio das ruas de Nova Iorque, durante a semana de moda naquela cidade norte-americana. "As meninas que trabalham hoje provavelmente vão dizer que estou mentindo, porque se querem continuar, não podem dizer qualquer coisa, há uma verdadeira lei do silêncio no meio", denuncia.
"Hoje as manequins não são nada, são apenas cabides. Nos anos 1980, as principais modelos eram personalidades. Hoje temos de desaparecer por detrás das roupas", acusa, apontando o dedo aos criadores que "querem apenas o corpo andrógino e não celebram o corpo feminino".
(com informações do site UOL)