População acredita que web ajudou a melhorar outros aspectos, como modo de fazer negócio e relacionamentos
Que o acesso massificado à internet gera alterações consideráveis no comportamento das pessoas não é novidade para ninguém. O Datafolha foi a campo para descobrir como a web mudou o hábito dos brasileiros e como eles avaliam a rede.
Os entrevistados veem impacto positivo da internet em quase tudo, à exceção do debate político. Quase metade (48%) dos ouvidos afirma que a rede piorou a forma como as pessoas discutem o tema; 33% acham que melhorou.
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A pesquisa, feita mais de seis meses depois da campanha eleitoral de 2022, teve resultados bem distintos dos auferidos em estudo similar de março do ano passado, quando 45% achavam que a internet tinha melhorado os debates sobre o tema e 38% diziam que a mudança era para pior.
Nas relações pessoais, 61% acreditam que a web melhorou a maneira como as pessoas se relacionam com seus amigos e 48% acham que a rede tem o mesmo efeito nas famílias. A maioria também diz que a rede melhorou a maneira de fazer negócios (78%), a maneira como as pessoas se informam (76%), aprendem (76%) e se divertem (57%). Em todos os casos, porém, a taxa de otimistas caiu em relação à pesquisa de 2022.
Alguns resultados do levantamento também mostram que o que acontece na internet, em muitos casos, vai para o mundo offline. A pesquisa aponta, por exemplo, que praticamente metade (49%) dos brasileiros já encontrou pessoalmente alguém que havia conhecido na internet, e 28% dos entrevistados chegaram a engatar um namoro com o outrora amigo virtual.
E o percentual deve aumentar nos próximos anos, já que o Datafolha ouviu pessoas de 16 anos ou mais e, na faixa etária mais jovem (16 a 24), a proporção dos que responderam "sim" cresce para 74% no primeiro caso e 45% no segundo.
O patamar se mantém elevado na faixa entre 25 e 34 anos, com 65% e 45%, respectivamente, e despenca entre aqueles que têm mais de 60 anos: 21% já encontraram pessoalmente alguém que conheceu online e 8% namoraram.
Mas os brasileiros também têm suas críticas quanto ao uso da rede. A maioria (81%) concorda que as pessoas expõem mais do que deveriam suas vidas. E 78% dizem que a web e as redes sociais são as principais causas de problemas de saúde mental entre crianças e adolescentes.
Outro tema que preocupa a maior parte da população (74%) é a possibilidade de empresas e redes sociais ouvirem conversas e acessarem mensagens pessoais para saber o que as pessoas querem comprar, e mais da metade (57%) se preocupa com o modo como as companhias usam suas preferências e hábitos na internet para enviar publicidades personalizadas. As taxas de preocupação são mais altas entre os mais instruídos e os mais velhos.
A pesquisa tem como base 2.010 entrevistas de pessoas de 16 anos ou mais e foi feita, presencialmente, entre 8 e 13 de maio. Para algumas perguntas, foram considerados apenas os entrevistados que acessam a internet (1.908). A margem de erro é de dois pontos percentuais.