O Facebook anunciou nesta segunda-feira (19) uma nova gama de produtos relacionados a voz: salas de conversa ao vivo, recursos para a criação de áudios curtos e a opção de ouvir podcasts pelo aplicativo.
O lançamento ocorre logo após o aplicativo de áudios Clubhouse receber uma nova rodada de investimentos para escalar a empresa. A startup atingiu uma avaliação próxima de US$ 4 bilhões (R$ 22,2 bilhões). Segundo a eMarketer, que monitora o mercado digital, o app cresceu 321% em fevereiro.
O aumento do uso de áudio nas plataformas do Facebook -como Instagram e WhatsApp-, foi significativo durante a pandemia, segundo a companhia. "O áudio serviu como uma maneira conveniente de se sentir próximo dos outros sem a pressão de ligar o vídeo", diz Fidji Simo, chefe do aplicativo do Facebook, em comunicado.
Leia mais:
Fintech confere se jogador de bet usa CPF de morto; veja o caminho do dinheiro das apostas
Proposta a respeito do fim da jornada 6x1 movimenta redes sociais
Preguiça resgatada em rodovia do Espírito Santo faz pose em selfie e viraliza
Até barreira mal arrumada é observada em investigações de manipulação no futebol
A empresa vai oferecer uma ferramenta de criação de áudio dentro do aplicativo Facebook. Ela foi trabalhada para criar o que Simo chama de "estúdio de som portátil", que permitiria uma qualidade próxima de meios profissionais.
Por meio desse recurso, o usuário poderá mixar faixas de áudio, utilizar efeitos sonoros, de voz e filtros. Entre os lançamentos, os chamados "soundbites" serão áudios curtos e "clipes de áudios criativos para capturar pequenas histórias".
A ferramenta entra em teste nos próximos meses com um grupo selecionado de pessoas públicas antes de ser disponibilizado a toda base de usuários.
As "salas de áudio ao vivo" serão a concorrência direta ao Clubhouse, aplicativo lançado no ano passado que permite o encontro de anônimos e celebridades em salas de bate-papo de áudio. O Facebook vai disponibilizar o produto à base de 1,8 bilhão de pessoas que usam os grupos da rede social e também as comunidades.
Segundo a empresa, as salas funcionarão para que figuras públicas possam conversar entre elas, com especialistas e fãs, no mesmo molde do Clubhouse. Elas poderão ganhar dinheiro com um sistema próprio do Facebook ou cobrando acesso por meio de uma única compra ou assinatura.
Lançado no ano passado, em São Francisco, na Califórnia, o Clubhouse tenta se estabelecer como o estandarte em áudio digital e inspira imitações. A ação do Facebook é "uma resposta natural a uma ameaça competitiva", diz o analista de tecnologia Rob Enderle, do Enderle Group.
"Se você não fizer nada, poderá se tornar o MySpace", acrescentou, referindo-se à rede social pioneira que caiu no esquecimento após a chegada do Facebook. O padrão do Facebook tem sido comprar startups que representam potenciais ameaças ou copiar recursos que estão atraindo usuários, observou o analista.
O Brasil se tornou um mercado importante para o Clubhouse logo que foi lançado -é o quarto país, com mais de 600 mil downloads (segundo dados da eMarketer, de março), mas algumas barreiras podem limitar a expansão da rede. Um dos principais motivos é a demora para lançar uma versão para aparelhos com sistema operacional Android -a opção é restrita a usuários de iPhone.
Além disso, a rede funciona com outro mecanismo de exclusividade, circulando apenas por convites.
"A interface ainda não está aperfeiçoada. Ao conseguir seu prêmio de estar na plataforma, o aplicativo não se mostra superintuitivo, a navegação não é muito boa, a recomendação de conteúdo depende muito da base de amigos, e isso limita a qualidade do conteúdo a ser recebido", diz Caio Vieira Machado, diretor do Instituto Vero e pesquisador da Universidade de Oxford.
Nesse ponto, o Facebook pode se beneficiar da imensa base de usuários e da facilidade de adoção do público pode um produto já integrado à sua plataforma. "O Facebook, ao lançar seu próprio Clubhouse, surfa na própria rede, é um recurso com valor agregado extremamente alto", diz Machado.
No anúncio desta segunda, o Facebook também diz que criadores de conteúdo serão capazes de transformar uma conversa ao vivo em um podcast. Segundo a empresa, mais de 170 milhões de pessoas já se conectam a centenas de milhares de páginas de podcasts.
Nos próximos meses, usuários da rede social também poderão ouvir episódios enquanto usam o aplicativo ou estejam com ele em segundo plano.
A gigante de tecnologia aposta na integração a marcas de podcast diante da alta popularidade desse nicho. "Criadores de podcast serão capazes de alcançar e se conectar com novos ouvintes -tudo diretamente no aplicativo do Facebook."