As notificações de imagens que contêm abuso e exploração sexual infantil, a chamada pornografia infantil, cresceram 77% de 2022 para 2023 e bateram recorde dos últimos 17 anos. É a quantidade mais alta (71.867) desde que a organização SaferNet começou a receber essas denúncias.
Ao todo, os indicadores de violações de direitos humanos e outros crimes, o que inclui a pornogafia infantil, também chegaram ao valor mais alto da série e aumentaram 48,7% de um ano para outro, com 101.313 notificações no ano passado.
É o que apontam dados da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos da SaferNet divulgados nesta terça-feira (6). Os relatos, links e materiais das denúncias, que são encaminhados ao MPF (Ministério Público Federal) para investigação, começaram a ser recebidos em 2006.
De acordo com a organização, os fatores que podem explicar os recordes de denúncias são a introdução da IA (inteligência artificial) generativa para criar conteúdos de exploração infantil, a proliferação da venda de pacotes de conteúdo autogerado por adolescentes e demissões em massa nas big techs que atingiram equipes de segurança e moderação das plataformas.
Na lista de crimes denunciados, o que apresentou maior aumento foi o de xenofobia (252%), que passou de 4.030 registros em 2022 para 14.196 em 2023, seguido pela pornografia infantil.
Houve queda nas notificações de racismo (-20,4%), LGBTfobia (-60,6%) e misoginia (-57,6%), esta caracterizada por conteúdos de violência ou discriminação contra mulheres.
O combate a esses tipos de crime é um dos pontos no extenso debate sobre a regulação de plataformas, em frentes como a exigência de moderação de conteúdo e a mudança de mecanismos que favorecem a propagação de ódio.
O recorde anterior de denúncias de abuso e exploração infantil havia sido em 2006, com uma explosão de conteúdos circulando pelo Orkut, então a rede social mais popular do país. Justamente na época do problema, o Google, então dono da plataforma, assinou um acordo com o MPF para entregar informações dos criminosos às autoridades.
Os outros picos da distribuição deste tipo de conteúdo ilegal foram em 2020 e 2021, período das fases mais restritivas da pandemia, que tiveram aumento das interações virtuais e de exposição em ambientes digitais, o que elevou também a quantidade de denúncias.
COMO DENUNCIAR ABUSOS ONLINE
A organização SaferNet tem um canal de denúncias anônimas. Para registrar um caso, é preciso acessar denuncie.org.br, colar o link do endereço da internet que a pessoa acredita que deva ser investigado e seguir os passos indicados na plataforma.
DICAS DE SEGURANÇA PARA PAIS
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Fontes: Childhood Brasil e SaferNet