Incêndios que afetam diferentes regiões do Brasil impulsionaram as pesquisas por "tempo seco" na internet. Dados do Google Trends mostram que o interesse pelo assunto atingiu o maior número de buscas na plataforma desde agosto de 2021, quando o país enfrentou uma massa de ar seco e quente que cobriu vários estados.
Além das queimadas, o país passa por uma seca histórica, a mais grave registrada nas últimas quatro décadas. Números preliminares do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) para agosto deste ano mostram que aproximadamente 7 de cada 10 municípios brasileiros foram afetados por algum tipo de estiagem -fraca, moderada, extrema ou severa.
As pesquisas por "tempo seco" dobraram nesta semana, na comparação com a semana anterior.
A região Centro-Oeste foi a que apresentou maior interesse de buscas pelo assunto. Mato Grosso, por exemplo, está entre os estados com mais registros de incêndios, sendo que a disparada das queimadas em solo mato-grossense foi captada nos dias 20 e 21, quando o número de focos passou de 459 para 1.543.
Nos últimos dez dias também cresceu a procura por informações sobre sintomas como tosse, nariz sangrando, rinite, alergia e dor de cabeça associadas ao tempo seco.
Veja as perguntas feitas no Google sobre tempo seco com maior crescimento nos últimos dez dias:
TEMPO SECO, O QUE FAZER?
As principais medidas são hidratação e umidificação do ambiente. A recomendação é de pelo menos quatro litros de água por dia para um adulto. Sucos de frutas naturais, água de coco e chás também contam para essa hidratação, assim como o consumo de alimentos ricos em água como frutas, legumes e verduras.
"Ao se hidratar bem, você vai, primeiro, fluidificar as secreções, tornando-as mais líquidas e fáceis de serem eliminadas. Isso diminui o ressecamento e minimiza a tosse, a irritação na garganta e o sangramento nasal. Além disso, a hidratação melhora o bem-estar geral, facilitando até mesmo para que a pessoa durma melhor", diz o médico pneumologista Danilo Ferreira.
Outras medidas apontadas por Ferreira incluem evitar exercícios físicos entre as 10h e as 16h, especialmente quando a umidade do ar estiver abaixo de 20%, além de manter a casa limpa e arejada, removendo objetos que acumulam poeira, como tapetes, cortinas pesadas e bichos de pelúcia.
TEMPO SECO CAUSA TOSSE?
Sim. O pneumologista Ricardo Martins, secretário-geral da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia), explica que a baixa umidade do ar reduz a oferta de água para o sistema respiratório, o que pode causar tosse. Ele ressalta que, se a tosse persistir por dois ou três dias, é importante procurar um médico para investigar a causa e receber o tratamento adequado.
COMO HIDRATAR O NARIZ NO TEMPO SECO?
Com o uso de soro fisiológico. Martins sugere a aplicação de uma gota em cada narina a cada três horas para aliviar o ressecamento.
TEMPO SECO DEIXA A GARGANTA IRRITADA?
Sim. Para aliviar a irritação, Martins reitera a recomendação de ingestão de bastante líquido e, em casos mais severos, a nebulização -mas alerta que esta deve ser feita com cautela para não agravar a tosse.
TEMPO SECO, O QUE FAZER COM AS CRIANÇAS?
As medidas de hidratação e umidificação continuam válidas neste caso. Ferreira recomenda evitar agasalhar demais as crianças em dias quentes, pois o excesso de roupa aumenta a transpiração e pode levar à desidratação.
TEMPO SECO, O QUE FAZER PARA DORMIR?
O uso de umidificadores com água ou soro fisiológico ajuda a melhorar a qualidade do ar. Na falta de um umidificador, utilize bacias ou recipientes de boca larga com água nos ambientes. Toalhas molhadas também podem ser usadas na cabeceira da cama para aumentar a umidade do ar durante a noite.
TEMPO SECO CAUSA MAL-ESTAR?
Sim. O pneumologista Ricardo Martins afirma que a baixa umidade do ar faz com que as pessoas transpirem menos, o que pode levar à perda de líquidos sem que se perceba. Essa desidratação pode causar mal-estar e até queda da pressão arterial.
TEMPO SECO PODE SANGRAR O NARIZ?
Sim. Martins diz que isso acontece porque a secura da narina deixa os vasos sanguíneos mais expostos, tornando-os mais propensos a se romperem. Por isso a recomendação segue sendo hidratação da mucosa nasal com soro fisiológico.