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Prédio da antiga Casa da Criança retoma características originais

08 abr 2016 às 08:44

O prédio da antiga Casa da Criança, projetado pelos arquitetos Carlos Castaldi e João Batista Vilanova Artigas, foi entregue ontem ao Município de Londrina pela empresa responsável pelo restauro. A Secretaria Municipal de Cultura vai utilizar o espaço para ser a sua sede administrativa. A diretora de Patrimônio Artístico e Histórico-Cultural de Londrina, Vanda de Moraes, ressalta que o prédio, localizado na Praça Primeiro de Maio, foi restaurado e não reformado.

"Há uma diferença sutil. No restauro a obra precisa recuperar as características originais e na reforma isso não acontece", observa Vanda. A principal novidade, diz ela, é que o prédio vai receber o auditório com capacidade para 50 lugares. O espaço estava previsto no projeto original e, aparentemente, nunca havia sido implantado como tal.


"Trata-se de uma sala que fica no segundo andar e que abrigava a sala de exposição José Antônio Teodoro. Nós não possuímos registros de que o espaço tenha sido utilizado como auditório anteriormente. Agora ele foi feito conforme o projeto original", aponta. A diretora destaca a eliminação dos anexos que foram edificados ao longo dos anos e que descaracterizaram o prédio a ponto do próprio Artigas pedir para que as pessoas não visitassem o prédio se quisessem procurar por uma obra dele.


Toda a glória da arquitetura moderna consagrada na década de 1950 está lá. As superfícies de vidro, as rampas de concreto com corrimões de aço, colunas e paredes revestidas por pastilhas, os brise soleil que acompanham o desenho do prédio, os volumes retangulares do prédio superpostos. Vanda ficou tão feliz com o resultado que vai inscrever esse projeto de restauro em concursos da área de patrimônio histórico.


O engenheiro técnico responsável pela obra de restauro, Nivaldo Salvatico, ressalta que houve dificuldades para conseguir os materiais especificados na obra, já que alguns deles não são fabricados há muito tempo. Em alguns casos, quando não havia mais material igual disponível, foram adquiridos produtos com características bastante próximas do original. "Nós tivemos uma dificuldade tremenda para conseguir as pastilhas de fachada. Procuramos o material nas grandes capitais e fizemos pesquisa com fabricantes e depósitos com estoques antigos. Em um dos casos encontramos um lote de pastilha que estava preso em um porto há muito tempo e solicitamos ao fabricante que fizesse o pagamento para poder disponibilizar o material", expõe.


O prefeito Alexandre Kireeff relatou que pretende solicitar o tombamento do prédio para evitar que ele volte a ser descaracterizado. "É a primeira obra de restauração feita pelo município de Londrina, com quase R$ 2 milhões de recursos livres administrados pela própria Secretaria de Cultura e que terá continuidade em outros edifícios públicos. A tendência é encaminhar esse imóvel para o tombamento para que não tenhamos mais as inconveniências das intervenções voluntariosas que acabam descaracterizando um projeto arquitetônico histórico como esse", relata. "O próximo passo envolve o Museu de Artes de Londrina (antiga Rodoviária). O teatro Zaqueu de Melo também está na nossa programação, mas isso depende dos recursos livres."


RETOMADA


A Secretária de Cultura, Solange Batigliana, destaca a importância do prédio para Londrina. "A secretaria consegue voltar para um espaço com tantas referências na memória da cidade, que possui a Concha Acústica e os Correios", destaca. "É uma obra importante no contexto das obras do Artigas em Londrina e direcionada à preservação da memória. A gente ressalta a demolição de todos os anexos. Tínhamos mais um andar e vários puxadinhos. Agora o imóvel volta à comunidade."

Os profissionais farão a mudança do mobiliário e passarão a atender a população a partir do dia 12 (terça-feira). Em seguida, de 12 a 15 deste mês, os servidores da Biblioteca Infantil farão a mudança e o atendimento à comunidade voltará ao normal em maio. A Biblioteca Infantil funciona atualmente junto à Biblioteca Pública "Professor Pedro Viriato Parigot de Souza", na Avenida Rio de Janeiro.


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