O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, autor de 35 livros, entre eles Amor líquido, disse que, atualmente, a notícia, para chamar a atenção do público, precisa entreter. Ele constata que a mesma situação ocorre na área da educação e exemplifica que as universidades também precisam oferecer produtos que entretenham os alunos, cada vez mais dispersos e desfocados por causa do bombardeamento diário de milhares de informações por meio dos veículos de comunicação e da internet.
"A habilidade de focar está muito difícil, está desaparecendo, e requer paciência e atenção. Nosso obstáculo é o excesso de informação", afirmou Bauman, em entrevista ao jornalista Alberto Dines, no programa Observatório da Imprensa, da TV Brasil, que vai ao ar hoje, às 23h.
Aos 89 anos, Bauman é um dos intelectuais mais respeitados da atualidade. Em sua obra ele denuncia a perseguição e morte dos judeus no Holocausto, durante o regime nazista que vigorou na Alemanha.
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O sociólogo também é conhecido por analisar as relações dos tempos modernos e trouxe o conceito de modernidade líquida, onde nada é feito para durar, e os relacionamentos são frágeis e sem maiores compromissos com vínculos.
Para Bauman, os tempos atuais na economia trazem "estados permanentes de suspeição e de competição" nas empresas porque quem ainda continua empregado precisa de vigilância constante para não ser o próximo demitido em vez de se unir a outros colegas para questionar os empregadores.
"O indivíduo é obrigado a achar soluções individuais para problemas coletivos", disse. Porém, ressaltou: "Sou um pessimista no curto prazo e um otimista no longo prazo".
Sobre o Brasil, afirmou que o país é um "milagre inacabado" com a retirada de milhões de pessoas da pobreza, entretanto, destacou que há deficiências ainda a serem enfrentadas.