Num momento em que a Turma da Mônica soube se reciclar e se adaptar aos novos anseios do leitor de quadrinhos brasileiro - com as narrativas mais próximas do mangá em Turma da Mônica Jovem, com a linha de graphic novels para contemplar os leitores mais velhos - não poderia ficar mais clara a vocação de Maurício de Sousa como empreendedor. Ele completa 80 anos nesta terça-feira, (27), mostrando que ainda enxerga longe.
Boa parte da sua vida está contada na HQ Mauricio de Sousa - Biografia em Quadrinhos, reeditada pela Panini e estendida para contemplar neste ano o aniversário de oito décadas. Nela é recontada a história do paulista de Mogi das Cruzes, que começou a trabalhar como ilustrador para rádios e jornais da cidade, antes de se mudar para São Paulo, aos 17 anos, onde teve que se contentar com uma vaga de repórter no caderno policial do jornal Folha da Manhã. Durante cinco anos, Maurício fez a rotina das rondas, e mantinha-se desenhando com ilustrações que acompanhavam suas reportagens.
Em 18 de julho de 1959, uma tira estrelada por um cachorro, chamado Bidu, foi aprovada para publicação pelo jornal. Foi a primeira história do que viria a se tornar a Turma da Mônica anos depois, um império editorial que se desdobrou em longas-metragens nos anos 80, games, série de TV, parque temático, material didático e produtos licenciados, de kits para festas a maçãs e tomates. Das primeiras histórias com Bidu (até hoje símbolo da Maurício de Sousa Produções, numa brincadeira de referência ao leão da MGM) e seu dono, Franjinha, vieram Cebolinha e, em 1963, a bronca Mônica, com um coelho de pelúcia que depois se chamaria Sansão.
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Primeira personagem a levar o nome de um dos filhos de Maurício - fato que se repetiria com outros nove filhos - Mônica foi concebida para ser coadjuvante nas tiras do protagonista Cebolinha, mas logo ganhou autonomia. Em 1970, passou a estrelar sua própria revista, com tiragem inicial de 200 mil exemplares, e então começou a tomar forma o que conhecemos hoje como a Turma da Mônica - não só na organização dos personagens mas no traço, que foi ficando mais arredondado com os anos, até o visual consagrado que hoje os desenhistas do estúdio reproduzem em inúmeras criações.
Demanda antiga dos artistas do estúdio, por onde já passaram nomes como Lourenço Mutarelli, as HQs da turma passaram recentemente a creditar os nomes dos desenhistas e roteiristas que criam as histórias. É mais um passo nesse processo de construção e consolidação de uma indústria do quadrinho nacional, que passa obrigatoriamente pelo nome de Maurício de Sousa. Hoje cerca de 150 empresas brasileiras e estrangeiras licenciam mais de três mil produtos da Turma da Mônica, em 30 países, mas a capacidade de ensinar as pessoas a se interessar por histórias de quadrinhos, que o autor faz há mais de 50 anos, não tem como calcular.
(com informações do site Omelete)