A locomotiva a vapor pertencente ao Museu Histórico de Londrina vai passar por restauração cenográfica junto com o tender de abastecimento. O projeto inscrito no Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic) pela Associação dos Amigos do Museu Histórico de Londrina (ASSAM) foi aprovado e o recurso de R$ 42 mil já está disponível para a entidade. A Universidade Estadual de Londrina (UEL) entra com o mesmo valor em contrapartida, a fim de cobrir o custo total da obra.
Fabricado em 1910, o veículo é proveniente de São Paulo e foi doado pela Rede Ferroviária Federal. Antes, ele pertencia à Rede Viação Paraná/Santa Catarina e é um dos cinco modelos raros que ainda existem no país.
Reparos na chaparia externa, serviços de solda e pintura estão entre os consertos previstos na locomotiva Baldwin. Além disso, será realizada uma série de atividades incluindo entrevistas com antigos ferroviários com o objetivo de ampliar o acervo histórico. "O restauro é visual, ou seja, não vamos mexer na parte mecânica. Precisamos prepará-la para a exposição, o que envolve, por exemplo, retomar as cores originais", explica a diretora do Museu, Regina Célia Alegro, salientando que a locomotiva circulava pela região durante a cultura cafeeira.
A UEL ficará responsável pela compra dos materiais necessários, do tratamento de pintura externa, da mão-de-obra dos servidores, bem como do transporte do pátio para o museu, ação específica da instituição.
Em longo prazo, a ASSAM planeja elaborar um projeto de reconstrução mecânica do veículo. "Futuramente podemos fazer esse restauro. Para funcionar, o custo seria muito alto e ainda não conseguimos recurso. É preciso tempo e contato com os fabricantes para conseguir as peças, e nem todos têm", argumenta o presidente da entidade, Anísio Ribas. "Afinal, o charme de qualquer ferroviária, não só para crianças, mas também para adultos é a famosa Maria Fumaça", completa.
A previsão de conclusão das obras é para o segundo semestre. Com a finalização, a locomotiva e o tender devem ser instalados na plataforma de embarque da antiga estação ferroviária de Londrina.
Para comemorar o restauro, o Museu lançará uma exposição e acoplará a locomotiva a dois carros e um trole. Estes veículos - um de passageiros, um pagador e um trole carregador de peças - foram recuperados em abril do ano passado com apoio do Promic, UEL e Companhia das Terras do Norte do Paraná. Eles estão expostos no Museu Histórico e a visitação pública está aberta.
Entre as características dos carros podem se destacar os bancos de madeira, todos refeitos conforme os desenhos originais e produzidos com madeira de lei, mogno e peroba rosa, além da primeira classe, composta de assentos de couro. "A locomotiva ficará à frente destes carros e fará parte do mesmo conjunto", reforça Regina. "São peças muito importantes para a memória e identidade da nossa cidade. Londrina se fez sobre a cultura do café e dependeu da estrada de ferro, tanto para a chegada dos imigrantes quanto para a comercialização do café", explica.
Outras necessidades
Com uma média de 45 mil visitantes ao ano, o Museu Histórico de Londrina carece de outras obras que atendam principalmente à modernização do espaço.
Segundo Regina, há a necessidade urgente de investir em tecnologia efetiva, como a instalação de rede lógica que permita a criação de um sistema com suporte web para o armazenamento dos acervos digitalizados. "O objetivo é ampliar a informação disponível à população e permitir que a pessoa acesse os arquivos do museu pela própria internet. Possuímos grande volume de material digitalizado, mas não temos um sistema disponível", aponta.
A construção da cobertura da plataforma onde os carros ferroviários já restaurados estão instalados é outra exigência. "É uma questão de conservação, para proteger os veículos do sol e da chuva, fatores que facilitam a deterioração".
Além disso, investir em acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais se tornou uma condição imediata. Apesar do local possuir rampas de acesso para cadeirantes, é preciso fazer adequações que atendam a pessoas com deficiência visual e auditiva. A climatização do espaço também precisa ser feita na totalidade, já que este é um requisito para a boa conservação dos materiais.
Olhando para o futuro, Regina afirma que o Museu precisará de novos laboratórios de conservação. "A coleção se expande e precisaremos de um espaço maior para preservar a coleção", projeta. "As melhorias de condições são para servir à pesquisa e ao público interessado na memória e história de Londrina e região", conclui.