O diretor do documentário "Deixando Neverland", sobre dois homens que dizem que Michael Jackson abusou sexualmente deles muitas vezes na infância, criticou a cinebiografia do cantor, "Michael". Segundo Dan Reed, o filme só mostra o artista interagindo de maneira positiva com crianças.
A declaração, dada em entrevista ao Variety, veio após o diretor dizer que leu uma cópia do roteiro do longa-metragem, com previsão de lançamento nos cinemas no ano que vem. Reed afirmou que John Branca, advogado de Michael Jackson e um dos produtores da cinebiografia, disse aos roteiristas o que escrever.
"Jackson só é mostrado se importando com crianças com câncer, dançando com uma menina numa carreira de rodas ou botando vários meninos, a maioria seus sobrinhos, para dormir", disse o diretor ao veículo americano. "Parece que os criadores do filme ficaram presos numa sala com John Branca e ele só falou a eles o que deveriam escrever."
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"Michael" vem sendo divulgado como um retrato honesto do rei do pop, mostrando tanto seu talento quanto suas dificuldades na vida pessoal. Ao Variety, o produtor Graham King e o roteirista John Logan afirmaram que vão retratar as alegações de abuso sexual contra crianças, mas ele será mostrado como inocente, já que foi absolvido na Justiça.
Lançado em 2019 na HBO, "Deixando Neverland" traz novas acusações de pedofilia contra Michael Jackson. Em quatro horas de narrativa, dividida em duas partes, o produto audiovisual traz relatos perturbadoramente ricos -com descrições dos supostos encontros sexuais-, tudo baseado só nos depoimentos de seus acusadores.
Dan Reed aposta na versão das supostas vítimas, Wade Robson, James Safechuck e seus familiares, sem documentos ou outras evidências. Ele também usa imagens de arquivo misturadas com cenas ilustrativas do famoso rancho de Michael Jackson, o Neverland.
Na época, a família do astro pop chamou as acusações de patéticas e processou a HBO. Os fãs do cantor ficaram indignados, espalharam anúncios sobre ônibus em Londres declarando que Michael Jackson era inocente, subiram hashtags e fizeram campanhas nas redes sociais contra o documentário e os dois homens que acusam o artista.
Reed e os dois homens mostrados no filme disseram que alguns fãs levaram as críticas ainda mais longe, com ameaças de violência. "Só dá para compará-los com fanáticos religiosos, realmente", disse o diretor na época. "Eles são o Estado Islâmico dos fãs."
Agora, o produtor da cinebiografia, Graham King, afirma que "Michael" não poupa Michael Jackson em nada. Na verdade, ele disse em comunicado, o filme faz um trabalho duro para apresentar um retrato imparcial do artista.
As acusações de Wade Robson e James Safechuck, mostrados em "Deixando Neverland", contra Michael Jackson ainda vão ser julgadas pela Justiça dos Estados Unidos. O rei do pop é acusado de pedofilia desde os anos 1990, mas a situação havia esfriado desde que ele foi inocentado de todas as acusações em 2005.
Com direção de Antoine Fuqua, de "Emancipation: uma História de Liberdade", "Michael" chega aos cinemas em abril de 2025. O longa, feito em parceria com a família de Michael Jackson, deve abordar a carreira do cantor até a sua morte, em 2009, aos 50 anos.
O roteiro é assinado por John Logan, indicado ao Oscar por "Gladiador", "O Aviador" e "Hugo". Graham King, o produtor, foi um dos responsáveis por transformar a história de Freddie Mercury no filme de sucesso "Bohemian Rhapsody".
"Michael" será protagonizado por Jaafar Jackson, sobrinho do rei do pop, que ganhou o papel pela semelhança física e o jeito de dançar do tio. Ele é filho de Jermaine Jackson, um dos irmãos de Michael Jackson, que também fazia parte do The Jackson 5.
A sinopse oficial diz que "o filme trará ao público um retrato fascinante e honesto do homem brilhante, porém complicado, que se tornou o rei do pop. Ele apresenta seus triunfos e tragédias em uma escala épica e cinematográfica -desde seu lado humano e suas lutas pessoais até seu inegável gênio criativo, exemplificado por suas performances mais icônicas".