Cinema

Filme 'Curupira' é atacado por mostrar lenda como personagem de terror

20 out 2021 às 14:50

A transformação da lenda do Curupira num personagem de filme de terror está horrorizando usuários no Twitter, dentre os quais uma liderança pataxó e uma estudiosa da cultra indígena.


A partir do trailer e do cartaz do longa "Curupira - O Demônio da Floresta", do diretor Erlanes Duarte, que mostra o conhecido mito do protetor das florestas como uma figura de olhos vermelhos e rosto raivoso algo assustador, o ativista indígena Emerson Pataxó, liderança jovem do povo de mesmo nome, afirmou que os brancos estão tratando seres espirituais indígenas como demônios.


Já a pesquisadora e curadora de literatura indígena Julie Dorrico, que se apresenta como uma indígena macuxi no seu perfil do Instagram, afirmou na mesma rede social que "a demonização dos encantados é racismo religioso" e que produtores culturais e cineastas estão matando simbolicamente os povos indígenas.


Ambas as reações acontecem mesmo sem que o filme tenha estreado –ele chega às salas de cinema no final deste mês, no próximo dia 28, com distribuição da O2 Play, parte da produtora de cinema O2.

Também há uma série de respostas negativas de outros usuários.


Por email, o diretor afirma que nunca teve a intenção de "ofender o Emerson [Pataxó], nenhuma religião ou etnia indígena, ou quem quer que seja".


"O filme não debate sobre isso nem tem cunho político. Se tirarmos a parte ficcional do filme, você verá a mensagem sobre a preservação do meio ambiente e como a natureza responde à ação do homem."


O cineasta afirma ter ficado triste com as reações e acrescenta que seria melhor se todas as discussões que o filme tem levantado acontecessem depois de as pessoas o terem visto, pois o debate ficaria mais embasado. "Não dá pra tomar conclusões antes disso."


Uma das primeiras lendas indígenas registradas pelos portugueses, o Curupira é bastante conhecido no Nordeste e Norte do Brasil, sobretudo no Amazonas e Pará. Diz a lenda que ele tem os cabelos vermelhos como o fogo e seus pés são ao contrário, com os calcanhares virados para a frente.


No longa, que se apresenta como um terror popular, seis jovens saem para um passeio de fim de semana, mas acabam presos e perseguidos por uma criatura misteriosa. Beto, Marcos, Diana, Kauã, Carol e Jéssica, precisam fugir desse pesadelo.

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