Enfrentar desafios tem sido um exercício diário para o mineiro José Marcelino, desde a infância. Hoje, aos 65 anos, sua história de vida ganhou um capítulo à parte. O fato de ter perdido a visão há nove anos não o impediu de alcançar o sonho de entrar para a universidade.
Marcelino foi aprovado no curso de direito no Vestibular 2022 da UEL (Universidade Estadual de Londrina), pelo sistema de cotas para pessoas com deficiência. Ele mora em Cambé (Região Metropolitana de Londrina) com uma irmã e está animado para frequentar o campus.
“Estou cheio de planos. Fiquei surpreso em ter meu nome entre os aprovados. Eu sempre tive muita vontade de estudar e agora consegui conquistar uma vaga na universidade para seguir em frente. Estou muito contente”, afirma Marcelino, que desde criança tinha que interromper os estudos quando surgiam oportunidades de trabalho.
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Ao contar sua história, Marcelino tem na ponta da língua muitos detalhes como datas e nomes de pessoas. Ele lembra que em 1976 veio para Cambé e arrumou um emprego no centro de Londrina. “Tive a chance de estudar até o 7º ano no Colégio Estadual Antônio de Moraes Barros, no jardim Bandeirantes, mas mais uma vez tive que mudar de cidade por causa do trabalho e parei de estudar”, conta Marcelino, que atuava como encanador industrial.
A perda da visão foi gradativa, após o uso de um medicamento para artrose. “Fui medicado com o remédio errado e isso prejudicou minha vista. Em janeiro de 2005 comecei o tratamento no Hoftalon (Hospital de Olhos) e anos depois fui encaminhado para o Instituto Roberto Miranda, onde estudei Braile e Soroban”, conta. Ele ficou cego em 2013, aos 56 anos.
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