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Covid-19

Veja quais são os intervalos entre doses das vacinas contra Covid no Brasil e por que são diferentes

Redação Bonde com Folhapress/Ana Bottallo
05 mai 2021 às 17:34

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- Eduardo Anizelli/Folhapress
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Com a chegada do primeiro lote de doses da farmacêutica norte-americana Pfizer em parceria com o laboratório alemão BioNTech, o Brasil passa a ter três imunizantes disponíveis contra a Covid-19. Além dela, as vacinas Coronavac e a de Oxford/AstraZeneca já vinham sendo aplicadas nos grupos prioritários.


Todas essas três requerem duas doses para a máxima proteção que podem oferecer, mas os intervalos entre as doses são diferentes. Esse número de dias ou semanas entre uma dose e outra depende do intervalo usado nos testes iniciais e também das evidências que vão surgindo ao longo do tempo, com a aplicação das vacinas em larga escala e a análise da efetividade (ou a eficácia em vida real) dos imunizantes.

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Por isso, um intervalo menor (o que foi usado nos testes) pode acabar sendo ampliado sem perda de eficácia.

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As vacinas contra Covid-19 foram desenvolvidas em todo o mundo em tempo recorde, mas sem perder qualidade em relação aos protocolos de segurança. Isso foi possível porque, em parte, as plataformas tecnológicas pioneiras estavam sendo desenvolvidas há mais de uma década. Além disso, devido à situação de emergência, os desenvolvedores puderam juntar algumas das etapas de ensaios clínicos, como as fases 1 e 2, quando são avaliadas de centenas a poucos milhares de pessoas. A análise da documentação por parte das agências regulatórias para registro também foi acelerada.

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Como a maioria dos testes de fase 3 foi feita em cerca de três a seis meses, muitas das fabricantes optaram por um intervalo entre as duas doses de 14 a 28 dias para poder atingir um número mínimo de casos de Covid e completar os estudos mais rapidamente.


Veja abaixo quais são os prazos recomendados pelos fabricantes de cada vacina aprovada para uso emergencial ou definitivo no país e o que dizem os estudos clínicos sobre a sua eficácia.

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Coronavac - Desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e produzida no país pelo Instituto Butantan, a Coronavac é uma vacina de vírus inativado e sua aplicação é indicada com um intervalo igual ou maior de 21 dias entre as duas doses.


Durante o estudo de fase 3 conduzido no país, os pesquisadores do Butantan avaliaram a eficácia da vacina em profissionais de saúde com mais de 18 anos com um intervalo de 14 dias. Após a conclusão dos estudos, uma análise inicial apontou uma eficácia de 50,38% para proteção contra casos sintomáticos de Covid-19.

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Mas, recentemente, cientistas publicaram os resultados do estudo que avaliou um subgrupo de voluntários que recebeu as duas doses com intervalo igual ou maior de 21 dias (ou seja, diferente do utilizado no estudo) e verificaram que a eficácia da vacina aumentou para 64%. Assim, o laboratório tem recomendado o intervalo de 21 dias ou 28 dias entre as doses para obter uma eficácia maior.


Oxford/AstraZeneca - A vacina produzida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca passou por testes de fase 3 em cerca de 30 mil voluntários em diversos países. Inicialmente, os testes foram desenhados para aplicação das duas doses com intervalo de 30 dias entre elas.

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Na divulgação inicial da eficácia do imunizante, os cientistas viram que a vacina tinha eficácia maior (90%) em pessoas que receberam uma dose inicial mais baixa seguida por uma segunda dose quatro semanas depois. Já os participantes que receberam o esquema normal da vacina -ou seja, duas doses completas, com 30 dias de diferença-, a taxa verificada foi de 62%. Assim, de acordo com a empresa, a eficácia seria uma "média" desses dois valores, atingindo, portanto 70%.


A AstraZeneca reconduziu os testes e verificou uma eficácia maior do imunizante, de cerca de 76%, quando aplicado com três meses (12 semanas) de intervalo entre as doses. Desde então, esse tem sido o esquema recomendado pela fabricante e utilizado na União Europeia, Reino Unido e no Brasil.

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Pfizer - A farmacêutica Pfizer/BioNTech foi a primeira a anunciar a eficácia de uma vacina contra a Covid-19, o que ocorreu após a análise de mais de 44 mil participantes dos estudos de fase 3 em diversos países. E o resultado foi alto: 95%.


Nos testes, foram avaliadas a segurança e capacidade de proteção contra a doença quando utilizadas duas doses com um intervalo de 21 dias entre elas. A alta eficácia encontrada se referia ao esquema vacinal completo concluído em três semanas, e essa tem sido a recomendação de uso da vacina.

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No entanto, o maior estudo feito até o momento, com mais de 370 mil pessoas no Reino Unido, avaliou a efetividade das vacinas da Oxford e da Pfizer e viu que ambas tiveram eficácia muito semelhante, de mais de 90%, quando as doses foram aplicadas em um intervalo de três meses.


Por isso, e com o objetivo de vacinar o maior número de pessoas possível o quanto antes, alguns países têm avaliado usar o intervalo de 12 semanas. A principal evidência que sustenta essa recomendação é a de uma alta taxa de anticorpos no sangue dos vacinados já 14 dias após a aplicação da primeira dose (92%), o que confere uma boa proteção.


Com base nisso, o Ministério da Saúde disse na última segunda-feira (3) que a mesma recomendação deve ser feita no país, de aplicação das duas doses com um intervalo de 12 semanas.


Em comunicado oficial no mesmo dia, a Pfizer afirmou que as indicações sobre regime das doses ficam a critério das autoridades de saúde que podem incluir recomendações seguindo os princípios locais de saúde pública. A empresa, porém, reforçou que a bula do imunizante, aprovada e registrada pela Anvisa, "preconiza um intervalo entre as doses, preferencialmente, de 21 dias".


Janssen - A vacina da Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson, é a única vacina aprovada para uso emergencial no país que é aplicada em dose única.

Sua eficácia global, obtida a partir de um ensaio clínico com cerca de 20 mil indivíduos nos Estados Unidos, África do Sul e países da América Latina, incluindo o Brasil, foi de 66%, com eficácia de quase 77% contra casos graves de Covid-19.


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