O ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, voltou atrás e disse nesta quarta-feira (9) na Câmara que não irá mais olhar pessoalmente as questões do Enem para fazer um filtro ideológico no exame.
Ribeiro falou à Comissão de Educação da casa. Ele foi convidado a prestar esclarecimentos no colegiado. Ele disse que seguirá avaliação do corpo técnico.
"Abri mão [de olhar pessoalmente as questões da prova] para cessar toda e qualquer interpretação que alguém possa ter de uma censura prévia ou algo do tipo. De maneira alguma eu terei acesso às questões do Enem", disse.
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"Entendo hoje que temos governança estabelecida pelo Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais] que será suficiente para que a prova avalie conhecimento dos candidatos evitando que a prova se baseie em uma visão de mundo."
Em entrevista recente, Milton Ribeiro disse que pretendia analisar pessoalmente as questões da próxima edição do exame para, segundo ele, evitar itens de cunho ideológico. "Sabemos que muitas vezes havia perguntas muito subjetivas e até mesmo com cunho ideológico, isso não queremos", disse à CNN Brasil.
Ribeiro citou como exemplo uma suposta inadequação de questões de exames anteriores. Uma delas citava dialeto usado por travestis (mas não exigia conhecimento específico sobre isso) e outra sobre diferença salarial entre homens e mulheres, a partir do caso dos jogadores Neymar e Marta. O embate ideológico é a principal marca do governo Jair Bolsonaro na área da educação.
Organizada pelo Inep, a prova é a principal porta de entrada para o ensino superior no país. A prova vai ocorrer em novembro, mas o cronograma do exame está atrasado.
Em encontro na Câmara na última segunda (7), quatro ex-presidentes do Inep condenaram o plano do Ribeiro de interferir nas provas do Enem. Os antigos titulares citaram a necessidade de garantir a autonomia técnica do órgão.
A audiência com o ministro durou quatro horas e precisou ser interrompida. O ministro se prontificou a voltar à comissão nos próximos dias.