Ao finalizar a etapa de transição para a sua política de ações afirmativas, a USP (Universidade de São Paulo) alcançou em 2021 a marca de mais da metade de ingressantes vindos de escola pública.
De 10.992 vagas preenchidas, 5.678 foram ocupadas por egressos de colégios públicos (51,7%), dos quais 44,1% autodeclarados pretos, pardos e indígenas.
No total, considerando os candidatos que ingressaram por ampla concorrência, a proporção de pretos, pardos e indígenas entre os calouros da mais prestigiada universidade do país ficou em 27,4%.
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Há dez anos, apenas 26,1% dos ingressantes haviam feito o ensino médio integralmente na rede pública, e 5,8%, parcialmente; e 13,6% se autodeclaravam pretos, pardos e indígenas.
A reserva de vagas aumentou também a participação de alunos de baixa renda. Aqueles com renda familiar mensal de até três salários mínimos passaram de 15,6% dos calouros em 2011 para 29,7% em 2021.
Inicialmente resistente às cotas, a USP decidiu adotá-las em 2017, cinco anos após a lei que instituiu a medida nas instituições federais de ensino superior.
A implementação na universidade paulista, como nas demais, foi gradual.
Foi de 37% das vagas para alunos da rede pública, em 2018, para 40% em 2019, 45% em 2020 e 50% em 2021.
Sobre essas vagas, é aplicado o percentual de 37,5% de reserva para pretos, pardos e indígenas –índice equivalente à participação desses grupos no estado de São Paulo.
A proporção deve ser atingida em cada curso e turno.
Das 42 unidades da universidade, 12 não alcançaram a meta. A média entre essas ficou em 49%, mas atingiu níveis mais baixos na Faculdade de Medicina (41,1%) e na Escola Politécnica (41,5%).
A diferença se deve à exigência por parte das unidades de notas mínimas no Sisu (Sistema de Seleção Unificada), pelo qual ingressam parte dos cotistas. Em razão disso, por vezes não há candidatos em número suficiente que atendam os requisitos para as vagas.
Já a unidade com maior proporção de ingressantes vindos de escola pública foi a Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto, com 56,7%.
Professores relatam que a maior diversidade na USP tem se refletido nos debates em sala de aula, uma vez que os novos alunos trazem cada vez mais questões relacionadas à sua experiência, mudando o debate sobre temas como o racismo e a vivência das periferias.
Por ora, no entanto, essa diversidade não é visível nem no campus, que permanece fechado sem previsão de reabertura devido à pandemia do coronavírus, nem em muitas das salas de aula virtuais, uma vez que em diversas turmas todos os estudantes desligam suas câmeras.