A fotografia, cujo dia é comemorado nesta segunda-feira (19), consegue, a partir do olhar minucioso do fotógrafo, emocionar e provocar reflexões. E foi buscando reproduzir essa experiência que o fotógrafo baiano Gilucci Augusto quis passar produzindo sua dissertação de mestrado intitulada 'A poética da imagem fotográfica a partir do imaginário das mulheres do Quilombo Kaonge'.
No trabalho, Gilucci conta uma parte da história, da cultura e do cotidiano do Quilombo Kaonge, localizado em Cachoeira, Bahia. Através dos registros fotográficos, Gilucci retrata a história da matriarca do quilombo, Juvani Viana, que também é Ialorixá do terreiro de Umbanda '21 Aldeia de Mar e Terra', e de toda família, além de indagar sobre como elas se percebem nas fotografias produzidas por ele.
As fotografias produzidas têm um caráter documental etnográfico. "Tento compreender essas narrativas da mãe, da matriarca, das mulheres, seguindo o poético. E também como elas se vêem na fotografia", conta. Gilucci completa que, no caso no quilombo, as mulheres se sentem representadas. "Elas compreendem o cotidiano delas: catando caranguejo, cozinhando, amassando folhas para preparar o peixe, os rituais da religião, trabalhando. São imagens de afirmação da identidade delas, de mulher negra, quilombola e do todo o legado ancestral afrobrasileiro".
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Para Rosane Viana Jovelino, administradora ativista Quilombola, membro do Conselho Quilombola da Bacia e Vale do Iguape e do Núcleo Produtivo de Ostra, a proposta de Gilucci para a pesquisa de mestrado foi muito importante. "Percebi que poderia ser uma oportunidade excelente e positiva de valorizar a nossa cultura, raça e identidade, enquanto mulher negra e quilombola. Inclusive de quebrar esse estereótipo imposto pela nossa sociedade e também o quanto poderia desconstruir essa posição de inferioridade que é conferida à população negra, a mulher negra de um modo geral".
A ativista conta que a foto tem esse poder de revelar a força da mulher negra, dos saberes que movimentam o dia a dia da comunidade e da ancestralidade que marcou a história fortemente. "Foi algo que mexeu muito comigo porque a gente vive um processo de muita luta contra o racismo que nos coloca na marginalidade e, portanto, impede de exercer os nossos direitos, além de também nos impedir de estar em um espaço de igual para igual. Então, a gente luta pelo direito à igualdade", conta a filha da matriarca e Ialorixá, Juvani Viana.
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