Pesquisadores do Labbep (Laboratório de Bacteriologia de Peixes) da UEL (Universidade Estadual de Londrina) receberam este mês investimentos da ordem de R$ 1,3 milhão para o desenvolvimento de um projeto que pretende estudar bactérias super-resistentes a antibióticos presentes em criatórios comerciais de peixes, em alimentos artesanais e nos Hospitais Veterinários. O investimento é resultado da aprovação do edital 52/2022 do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), chamada CNPq/MCTI/CT-Saúde – Ações em Ciência, Tecnologia e Inovação para o enfrentamento da Resistência Antimicrobiana (RAM).
Os recursos serão investidos em equipamentos, material de consumo e para pagamento de duas bolsas de estudos para dois pesquisadores durante 24 meses. O projeto denominado “Rede BactoRAM-Ômica no contexto de saúde única: identificação, monitoramento e caracterização genômica de bactérias multirresistentes em hospitais veterinários, em diferentes sistemas de produção de peixes e em alimentos” integra outras universidades como UFLA, UFMG, UNISA-SP, Unicentro, Unipar, Uenp, UEM, UTFPR, PUC-PR, UFG, UFNT, UFGD, Unesp Campus Jaboticabal, Univas e parceiros internacionais como a Universidade do Chile, empresa Corpavet, da Colômbia, Universidade da Califórnia e Universidade Estadual do Mississippi.
O coordenador do projeto, professor Ulisses de Pádua Pereira, do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e líder do grupo de pesquisa de Bacteriologia Animal, do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UEL, explica que o projeto deverá atuar em três áreas distintas – monitoramento de bactérias resistentes a antibióticos em piscicultura; detecção da presença de microrganismos em alimentos artesanais comercializados, por exemplo, em feiras livres e os impactos dos bacilos no ambiente de hospitais veterinários.
O professor destaca que a pesquisa é importante pela relevância do conceito de saúde única, que prevê uma visão integrada que considera saúde humana, saúde animal e o meio ambiente, além dos impactos que as bactérias resistentes podem provocar em animais e pessoas. Ele explica que esses microrganismos transmitem uma série de doenças e apresentam infinitas possibilidades de transmissão.
Genoma
Além do monitoramento, os pesquisadores do LABBEP pretendem realizar o sequenciamento do genoma de pelo menos 90 bactérias consideradas resistentes. O professor Ulisses explica que a descrição permitirá identificar o perfil de resistência a antibióticos, identificando se existe algum padrão nos micro-organismos presentes em HVs, em criatórios de peixes e nos alimentos artesanais.
Outro objetivo da pesquisa é tentar formular um teste rápido para detecção de bactérias super-resistentes. Hoje, os testes confiáveis realizados em laboratórios podem demorar até quatro dias. Os pesquisadores pretendem desenvolver um teste que possa ser transformado em produto de inovação, para ser comercializado como os populares testes de Covid-19, que agora podem ser adquiridos em farmácias.
Outra meta do projeto é implantar um controle de transmissão a bactérias multirresistentes no HV da UEL, considerado referência na região norte em várias áreas médicas, como Dermatologia, Cardiologia, Neurologia, Radiologia, Teriogenologia, Oncologia e outras, além de contar com profissionais da área de diagnóstico laboratorial altamente capacitados. Além de realizar consultas ambulatoriais, o hospital funciona 24 horas para atendimento de urgência e emergência.