A família do adolescente Lorenzo Cruz Coneglian, de 13 anos, corre contra o tempo para levantar recursos e enviá-lo para concorrer na Olimpíada Copernicus de matemática, em Nova Iorque, no mês de julho. Para isso, são necessários cerca de R$ 18 mil, entre passagens de avião, estadia e duas refeições por dia.
A mãe de Lorenzo, Paula Rosário Cruz Coneglian, está tentando obter doações em valores numa campanha via PIX ou em objetos para serem vendidos, no intuito de conseguir os recursos. Até a tarde desta terça-feira (16), o valor angariado tinha sido de pouco mais de R$ 5,6 mil. (Veja como ajudar no fim da matéria)
Lorenzo tem um alto QI (Quociente de Inteligência) e, atualmente, numa idade em que deveria estar cursando entre o sétimo e oitavo ano do Ensino Fundamental, estuda no primeiro do Ensino Médio no 2º Colégio da Polícia Militar de Londrina. Em 2023, também foi aprovado no vestibular da UEL (Universidade Estadual de Londrina), no curso de Ciências Biológicas, como treineiro.
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Segundo a família, ele sempre demonstrou paixão pelo aprendizado e pela busca do conhecimento e, aos 6 anos, recebeu a identificação de Altas Habilidades/Superdotação, com um QI 146, enquanto a média brasileira é de 83. Ele faz parte da Intertel, uma sociedade para pessoas com pontuação de QI superior a 99% da população, e da Mensa Internacional, uma das maiores e mais antigas sociedades de QI do mundo.
A habilidade intelectual de Lorenzo o colocou no topo das classificações em competições anteriores, acumulando 32 medalhas em Olimpíadas do Conhecimento, das quais 22 foram obtidas somente no ano de 2023.
A Olimpíada Copernicus não é a primeira disputa intelectual internacional para a qual se classificou em 2024. Ele também teve desempenho excepcional em competições que o classificaram para duas disputas em Bangcoc, na Tailândia – a última, chamada Timo (Thailand International Mathematical Olympiad), ocorreu entre os dias 25 e 30 de março. “Mas, não consegui fazer o pagamento (da participação). O tempo era pouco, então, tive que desistir para não criar expectativa nele. Logo em seguida, ele passou na Copernicus, então, estamos lutando com todas as forças (para levá-lo)”, diz Paula.
Dos cerca de R$ 18 mil, metade são para a participação na feira (R$ 9 mil). O valor inclui o hotel, café da manhã, camiseta e mochila, transporte, cerimônia de premiação, duas refeições diárias e passeios. O restante é o custo das passagens aéreas de São Paulo a Nova Iorque, de ida e volta. Os valores são pagos diretamente à delegação e não incluem custo do visto, terceira refeição ou gastos pessoais.
“Ele é um menino muito estudioso, ama olimpíadas [de conhecimento] porque elas dão para ele desafios que a escola tradicional não consegue dar”, diz Paula. E complementa: “Acho que [uma viagem internacional] vai mudar a visão dele. Nós nunca tivemos oportunidade de levar ele fora do Brasil, principalmente a um país mais desenvolvido, para ele ver o que podemos fazer de diferente no nosso meio. Ele que ser médico para ajudar [as pessoas].”
Lorenzo confirma a visão da mãe sobre a importância das olimpíadas de todas as disciplinas, porque permitem a ele ter acesso a desafios que não encontra na escola, além de prepará-lo psicologicamente para provas. “Elas também são uma porta de entrada para universidades e ir para a Copernicus é importante porque também terei contato com outras pessoas que, como eu, gostam de olimpíadas [de conhecimento]”, diz.
Família de gênios
Moradores do bairro Bela Vista, a família de Lorenzo não tem renda suficiente para enviá-lo para uma competição no exterior.
O pai, André Coneglian, é professor da Secretaria Municipal de Educação de Londrina e professor temporário na Sala de Recursos para Altas Habilidades da rede estadual. Paula é boliviana, concluiu o Ensino Médio em 2023 pelo EJA (Ensino de Jovens e Adultos) e, atualmente, estuda o curso técnico de enfermagem do Colégio Aplicação. “Sou uma menina que morou na pobreza. Dar para ele essa oportunidade, de ser uma pessoa melhor, é um privilégio”, diz.
Além de Lorenzo, a família tem outro filho, Benjamin, de nove anos. “Ele é um apaixonado pelo meio ambiente”, diz Paula. Estudante da rede municipal de ensino, ele participou, no ano passado, da 12ª Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec Junior), considerada a maior do gênero na América Latina, realizada em Novo Hamburgo (RS).
Também aluno de Sala de Recursos para Altas Habilidades e Superdotação, na rede municipal, Benjamin se interessou pelo meio ambiente aos sete anos, após assistir a um documentário no qual uma oceanógrafa alertava que, em 50 anos, haverá mais lixo do que peixes no mar. O vídeo despertou tamanha preocupação que Benjamin foi até o Lago Igapó, onde encontrou muito lixo na água e nas margens, como garrafas plásticas, copos, entre outros objetos, além de peixes mortos.
Ele, então, começou a coletar o lixo, primeiro, com luva e saco plástico. Depois, construiu um carrinho com papelão e rodas de brinquedo, com o qual recolhia lixo que encontrava no trajeto entre a casa e a escola. Mais tarde, com a ajuda da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), construiu um carrinho de material mais resistente.
“Eu já fiz muita rifa para levá-lo para feiras científicas. Até bazar nos Cinco Conjuntos nós já fizemos”, conta Paula.
Como ajudar
Quem puder fazer doações para a campanha, o PIX é o telefone (43) 99936-3261. Quem puder ajudar com outro tipo de doação, como produtos para revenda, pode entrar em contato com a Paula pelo mesmo número.