O financiamento insuficiente é um dos entraves para o avanço na melhoria da educação em diversos países. Nas 164 nações que assumiram as metas do compromisso Educação para Todos em 2000, entre eles o Brasil, os gastos governamentais com educação tiveram avanços, mas ainda estão aquém do necessário. A tendência é que os recursos vindos de fontes privadas tenham queda. A conclusão está no 11° Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, divulgado hoje (29) pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O documento mostra que os gastos governamentais com educação aumentaram, em média, de 4,6% para 5,1% do Produto Interno Bruto (PIB) entre 1999 e 2011. O ideal, segundo o relatório, é que os países alocassem para o setor pelo menos 6% do PIB.
"Esse é um ponto, precisamos ter mais recursos, o outro é que precisamos ter uma boa gestão desses recursos, eles precisam ser geridos com prioridade. É importante que sejam canalizados para a educação básica, que precisa ser melhorada em vários países", diz a coordenadora de Educação da Unesco no Brasil, Maria Rebeca Otero.
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Os números do Brasil, apresentados no relatório, são de 2011 e mostram um investimento de 5,9% do PIB em educação. Dados do governo informam que o país investe 6,1% do PIB em educação. O Plano Nacional de Educação (PNE), que tramita no Congresso Nacional, coloca como meta o investimento de 10% do Produto Interno Bruto para a área nos próximos dez anos.
A publicação registra que, "infelizmente", os doadores parecem mais inclinados a reduzir do que a aumentar a ajuda nos próximos anos. Acrescenta que a educação recebe apenas 1,4% do que é destinado à ajuda humanitária.
Seriam necessárias alterações "dramáticas" no financiamento para fazer avançar a melhoria da educação, de acordo com o relatório. "No estágio atual, os governos simplesmente não podem se permitir uma redução no investimento da educação – tampouco os doadores deveriam deixar de cumprir suas promessas de financiamento", ressalta o texto.
O relatório destaca ainda que, apesar dos avanços da última década, nenhum dos seis objetivos do Educação para Todos será conquistado globalmente até 2015, prazo final estabelecido no acordo assinado em 2000. Entre eles estão a universalização do ensino primário, a promoção das competências de aprendizagem e de vida para jovens e adultos, a redução do analfabetismo em 50% e a melhoria da qualidade da educação.