Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), houve um aumento de 141% no número de cirurgias plásticas entre adolescentes de 13 a 18 anos nos últimos dez anos.
Só em 2018, foram realizadas 83.655 plásticas, representando 4,8% do total de procedimentos feitos no país dentre todas as idades.
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E as pesquisas ainda apontam que essa procura é tanta que o Brasil ultrapassou os números dos Estados Unidos em termos de intervenções estéticas nessa faixa etária, o que o torna líder do ranking.
De acordo com Luís Maatz, cirurgião plástico, especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, membro da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e especialista em Reconstrução Mamária pelo Hospital Sírio-Libanês; os procedimentos mais procurados pelos adolescentes são:
- Prótese de silicone nos seios;
- Redução de mama;
- Ginecomastia (redução de mama masculina);
- Lipoaspiração;
- Rinoplastia (correção do nariz);
- Otoplastia (correção das orelhas).
AFINAL, POR QUE ELES QUEREM TANTO?
Segundo Monica Machado, psicóloga, fundadora da Clínica Ame.C, pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, a adolescência é uma fase caracterizada por inúmeras transformações, tanto no aspecto orgânico como psicossocial.
“A ditadura da beleza é um fenômeno que penaliza os adolescentes, que nunca estão satisfeitos com a própria imagem e vivem em busca de uma pseudo perfeição. A distorção do corpo ideal, massificada pelos meios de comunicação, principalmente as redes sociais, fez com que a cirurgia plástica se tornasse uma solução e um objetivo a ser alcançado”, justifica Monica Machado.
Segundo a endocrinologista Claudia Chang, doutora e pós-doutora em Endocrinologia e Metabologia pela USP e membro da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia); um dos pontos é o ganho de peso na adolescência.
“Algumas meninas, por exemplo, podem passar ilesas, se tiverem um estirão de crescimento na mesma fase da puberdade ou se não tiverem muita tendência a engordar. Mas, ainda assim, há grandes chances de aumento dos quadris, das pernas, mamas e até da barriga. Meninas que estão acima do peso tendem a ganhar cerca de três vezes mais peso do que as que estão dentro do normal”, explica Chang.
O QUE DEVE SER LEVADO EM CONTA
Na visão da psicóloga Monica Machado, uma cirurgia plástica, mesmo que simples, configura uma mudança no corpo humano.
“Ela não é indicada para jovens com transtornos psicológicos, depressão ou transtorno dismórfico corporal (TDC). Ou mesmo para aqueles com expectativas não realistas, ideais que fogem do padrão estético normal. Daí a importância de pais e responsáveis estarem atentos e buscarem compreender o que tanto incomoda o adolescente a ponto de querer se submeter ao procedimento”.
As cirurgias plásticas na adolescência devem ser discutidas pelo pediatra (dependendo da idade), pelo cirurgião plástico e, se for o caso, por um psicólogo.
O objetivo é obter um julgamento cirúrgico adequado, devendo ser valorizados aspectos como idade ideal para correção, inserção social, estabilidade emocional, higidez física, autoestima e autoimagem.
Segundo Luis Maatz, é preciso também orientar o jovem e os pais sobre a cirurgia plástica em adolescentes.
“Discuta todos os pontos da cirurgia. Tratamento de acne pode envolver laser ou peelings químicos, assim como botox e preenchedores só podem ser aplicados se houver indicação médica não estética. Já a mamoplastia de aumento deve ser realizada, preferencialmente, acima de 18 anos de idade, enquanto a redutora e os implantes para correção de assimetria mamária são aceitáveis após esclarecimentos aos responsáveis”.
A partir dos 16 anos, as estruturas ósseas e cartilaginosas do nariz e da face, por exemplo, já estão totalmente desenvolvidas. Mesmo assim, Maatz afirma que a rinoplastia deve ser feita somente em casos necessários ou justificáveis.
Para meninas, o ideal é realizar a plástica entre 15 e 17 anos. Para os meninos, entre 17 e 19 anos. Já a lipoaspiração deve ser evitada, salvo raras exceções. Por fim, a ginecomastia e otoplastia podem ser realizadas sem grandes problemas.
“Em suma, os adolescentes podem passar por determinados procedimentos, desde que sejam avaliados os pontos citados. Além disso, jovens costumam ser apressados. Se as recomendações pós-cirurgia não forem seguidas à risca, a cirurgia plástica pode não apresentar os resultados esperados. Lembrando também que é imprescindível optar por um cirurgião comprovadamente qualificado e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica”, orienta Luis Maatz.