Uma das consequências mais graves e impactantes na vida da população em função das diversas restrições impostas pela pandemia da Covid-19, medidas importantes para reduzir a disseminação da doença, foi o aumento do sedentarismo. Além do medo e da ansiedade, o abre e fecha de academias, clubes e parques, e também um certo comodismo favorecido pelo isolamento social contribuíram para diminuir a rotina e prática de exercícios. Se antes da pandemia, cerca de 40% da população adulta brasileira já era sedentária, com a necessidade de isolamento social esse número cresceu cerca de 50%.
O alerta é feito pelo Hospital INC (Instituto de Neurologia de Curitiba), que aproveita a proximidade do Dia do Cardiologista, no próximo sábado (14/08), para conscientizar a população sobre os riscos do sedentarismo para a saúde. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 40,3% da população com 18 anos ou mais estão classificados como insuficientemente inativo, ou seja, não praticaram 150 minutos de atividades física moderada, ou 75 minutos de atividade vigorosa durante a semana, ao longo do ano de 2019.
Ano passado, o Projeto Convid – Pesquisa de Comportamento, um levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apontou que dos 44.062 brasileiros entrevistados, 62% deixaram de fazer qualquer tipo de exercício durante a pandemia.
Leia mais:
PF fará reconstituição das explosões na praça dos Três Poderes e Câmara dos Deputados
PEC 6x1 ainda não foi debatida no núcleo do governo, afirma ministro
PEC que propõe fim da escala de trabalho 6x1 alcança número necessário de assinaturas, diz Hilton
Falta de Ozempic em farmácias leva pacientes à busca por alternativas
O cardiologista do Hospital INC, Dr. Nicki Mallmann, reforça que o sedentarismo é considerado um dos principais fatores de risco para o aparecimento e agravamento de doenças crônicas, como obesidade, hipertensão, doenças cardiovasculares, neurológicas e câncer. Em relação ao câncer, o exercício regular pode reduzir cerca de 20% no casos de mama, cólon, bexiga e gástrico, dentre outros, segundo publicação da American College of Sports Medicine. "Ao não nos exercitarmos, fazemos escolhas alimentares piores involuntariamente, o que nos envolve em um ciclo negativo que acaba afetando nossa saúde física e nosso bem-estar emocional e mental".
Por isso, recomenda o especialista, com uma única intervenção, que é manter uma rotina com atividades físicas, é possível conquistar uma série de benefícios para a saúde, que não são facilmente alcançáveis de outra forma. "Diversos estudos demonstraram que a melhora do condicionamento físico está fortemente associada à redução da mortalidade e a um importante ganho de qualidade de vida.”
Pratique exercícios regularmente
A prática regular de atividade física está associada à prevenção da obesidade, melhora da qualidade do sono e do controle do diabetes e da pressão arterial, além de ser fundamental para ajudar na saúde mental. Outro benefício da prática de exercícios, segundo Mallmann, é gerar adaptações no corpo que culminam com a melhora do metabolismo dos açúcares e gorduras, do condicionamento físico, da força muscular e da massa óssea.
Aumento do sedentarismo infantil
Pesquisas desenvolvidas pelo Instituto de Saúde e Sociedade (ISS/Unifesp) - Campus Baixada Santista buscaram identificar como as famílias brasileiras, com crianças abaixo de 13 anos, têm enfrentado o período de confinamento provocado pela pandemia de Covid-19. Se antes da pandemia, 67,8% das crianças praticavam atividade física, pelo menos duas vezes, na semana, esse número caiu para 9,77% no primeiro mês do isolamento, no ano de 2020. Além disso, 74,9% dos pais entrevistados afirmaram que o tempo de uso dos equipamentos eletrônicos cresceu significativamente com a implantação do sistema de aulas on-line, em relação ao horário escolar normal.
O cardiologista lembra que a atividade física promove melhor habilidade motora, força muscular, flexibilidade, coordenação, capacidade cardiometabólica, auxilia no menor crescimento do tecido adiposo - que é importante para prevenção de obesidade, doenças cardiovasculares e inflamação sistêmica. "Um fator importante, pois muitas doenças cardiovasculares se originam na infância e se perpetuam pela vida adulta, e a inatividade física leva ao desenvolvimento de obesidade e outras patologias crônicas”