Em um estudo coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre a pandemia de covid-19, jovens brasileiros relataram mudanças de rotina, alterações de humor, piora na saúde e adoção de hábitos alimentares não saudáveis. Entre diversas informações, a pesquisa revela que 48,7% dos adolescentes têm sentido preocupação, nervosismo ou mau humor, na maioria das vezes ou sempre.
Considerando apenas as meninas, o percentual sobe para 61,6%. No recorte por idade, o índice é maior entre adolescentes mais velhos, de 16 e 17 anos. Nessa faixa etária, tais sentimentos foram relatados por 55,3%, percentual superior aos 45,5% registrados no grupo entre 12 e 15 anos.
Intitulado ConVid Adolescentes – Pesquisa de Comportamentos, o estudo coordenado pela Fiocruz foi realizado em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foram entrevistados 9.470 jovens de todo o Brasil na faixa de 12 a 17 anos. Os questionários foram respondidos de forma online entre junho e setembro. Os resultados foram divulgados nesta terça-feira (1º).
Leia mais:
PF fará reconstituição das explosões na praça dos Três Poderes e Câmara dos Deputados
PEC 6x1 ainda não foi debatida no núcleo do governo, afirma ministro
PEC que propõe fim da escala de trabalho 6x1 alcança número necessário de assinaturas, diz Hilton
Falta de Ozempic em farmácias leva pacientes à busca por alternativas
O aumento dos relatos de sedentarismo é outro dado que consta do estudo. O percentual de jovens que não fazem 60 minutos de atividade física em nenhum dia da semana foi de 43,4%. Antes da pandemia, o índice era de 20,9%. Os pesquisadores chamam a atenção para esta mudança, uma vez que jovens costumam praticar esportes, aulas de dança e outras atividades.
O tempo de uso de equipamentos eletrônicos como computador, tablet e celular aumentou. Entre os adolescentes de 16 e 17 anos, 77% afirmaram ficar em frente a esses aparelhos mais de quatro horas por dia, sem contar o período em que eventualmente estão tendo aulas online.
O consumo de alimentos não saudáveis em dois dias ou mais por semana aumentou. Pratos congelados, chocolates e doces estão sendo 4% mais consumidos. De acordo com a pesquisa, 36% dos adolescentes entre 12 e 17 anos relataram queda na qualidade do sono durante a pandemia. A piora da saúde de forma geral foi apontada por 30% dos jovens.
Problemas relacionados com as aulas online também foram diagnosticados: 59% afirmaram ter dificuldades para se concentrar nas aulas a distância e 38,3% se queixaram da falta de interação com os professores. Em relação ao entendimento do conteúdo ministrado, 47,8% dos adolescentes relataram estar entendendo pouco e 15,8% disseram não estar entendendo nada.
Restrição Social
A grande maioria dos adolescentes afirmou ter aderido a medidas de restrição social. Esse grupo reuniu 71,5% dos entrevistados, e a restrição total foi relatada por 25,9%, enquanto 45,6% disseram adotar uma restrição intensa, em que só saem para supermercados, farmácias ou casa de familiares.
Há variações no recorte por regiões. O percentual alcança o maior patamar no Sul do país: 74,1% dos jovens dizem aderir a medidas de restrição social. O menor índice, de 66,1%, foi o da Região Norte. Esta foi também a região onde houve o maior índice de adolescentes que afirmaram ter tido diagnóstico positivo para covid-19: 6,1%, bem acima da média de 3,9% considerando todos os entrevistados.