O papa Francisco celebrou nesta sexta-feira (12), em Assis, Itália, uma missa para cerca de 500 pobres provenientes de toda a Europa e disse que chegou a hora de "abrir os olhos" para a desigualdade no mundo.
O evento ocorreu por ocasião do dia Mundial dos Pobres, data instituída pelo pontífice em 2016 e que, neste ano, será celebrada oficialmente em 14 de novembro.
Em seu discurso na basílica de Santa Maria dos Anjos, o papa cobrou que "a palavra seja restituída aos pobres, cujos pedidos foram ignorados durante muito tempo".
"É o momento de abrir os olhos para enxergar o estado de desigualdade em que vivem tantas famílias. É hora de arregaçar as mangas para restituir a dignidade criando postos de trabalho", afirmou.
Jorge Bergoglio ainda reclamou que a esperança dos pobres frequentemente é vista com "incômodo". "Às vezes se ouve dizer que os responsáveis pela pobreza são os pobres. Um insulto a mais. Em vez de se fazer um exame de consciência sobre os próprios atos, sobre a injustiça de algumas leis e procedimentos econômicos, um exame de consciência sobre a hipocrisia de quem quer enriquecer sem limites, se atira a culpa nas costas dos mais frágeis", criticou.
O papa também cobrou que a sociedade se "escandalize" com as "crianças com fome e reduzidas à escravidão" e pediu o fim das "violências contra as mulheres". "É o tempo do encontro: se não voltarmos a nos encontrar, iremos ao encontro de um fim muito triste", acrescentou.
Francisco ainda doou aos participantes do evento uma mochila com roupas, sapatos e máscaras reutilizáveis e participou de um almoço com os pobres.
O cardápio teve queijo pecorino fresco, peras, focaccia com cebola e sálvia, salada, bruschetta e patê de fígado de entrada; massa fresca com molho de carne como primeiro prato; frango com espinafre como segundo prato; e pêssego com chantilly e calda de frutas vermelhas de sobremesa.
Testemunhos
O papa Francisco ainda escutou os depoimentos de alguns dos fiéis presentes na missa, como um jovem casal de Paris que, com sua filha de quatro meses, falou sobre sua experiência de voluntariado nas periferias da capital francesa.
Já um ex-presidiário de Toledo, na Espanha, chorou diante de Bergoglio ao narrar como teve a ajuda de um padre para escapar da espiral de violência na qual havia caído.
Por sua vez, a jovem afegã Farzaneh contou ao papa que cresceu em uma sociedade patriarcal e misógina que tentou bloquear todos os seus sonhos e aspirações. "Agora estou aqui na Itália para me levantar com firmeza e andar para frente", contou.
No entanto, segundo Farzaneh, sua "alma" continua no Afeganistão, ao lado das "garotas da Universidade de Cabul que não podem ter aulas, comprar pão e se divertir". "Espero que a comunidade internacional adote uma abordagem global para resolver esse problema e não deixe sozinho o povo afegão", declarou.