As medidas de distanciamento social para prevenção do novo coronavírus fez o mundo inteiro ter que readequar costumes comportamentais e buscar novas formas de expressão. No Brasil, com o cumprimento de beijinhos no rosto, não foi diferente.
Qualquer especialista sério da área de Saúde prega que, quanto maior o distanciamento e uso de máscaras, menor são as chances de contrair a doença. Isso significa que qualquer tipo de contato físico deve, a todo custo, ser evitado. Como, então, se pode demonstrar afetividade com os outros e como lidar com os efeitos desse afastamento?
Antes de tudo, é fundamental entender o porquê desse costume sociocultural do brasileiro. De acordo com o psicanalista Sylvio do Amaral Schreiner, a importância do beijinho está atrelada a necessidade desse povo de estar em contato com outra pessoa, uma vez que se associa muito o afeto com o contato, o toque e o estar perto.
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Em termos gerais, o beijo é sempre carregado de muitos significados, seja em qualquer região do corpo. A professora de Antropologia da Universidade Federal da Paraíba, Ednalva Maciel, ressalta que não é coisa da modernidade: "O beijo não é um comportamento novo, é muito antigo. E cada sociedade considerou e considera o 'beijo' culturalmente e simbolicamente de forma diferente, ou seja, o valor atribuído ao ato ou ação de beijar - varia de sociedade para sociedade, mesmo historicamente e dentro de cada sociedade. O fato é que o beijo, entre nós, representa uma atitude de carinho, na maioria das vezes e isso significa muito para a pessoa em formação como um ato de amor”, afirma a antropóloga.
Em relação à demonstração de afeto em meio à pandemia, o costume brasileiro teve que mudar, mas isso não significa que não há mais esse tipo de interação. Agora, usa-se outras artimanhas para sociabilizar, como o toque de punhos ou até mesmo enviar beijos pelo ar. Para Schreiner, a melhor forma de demonstrar afeto é usando a criatividade, uma vez que, com o uso das máscaras, o olhar – por exemplo - se transformou em algo muito importante e tornou-se uma bela forma de expressar ternura.
O que é mais importante ressaltar, ainda mais no dia do beijo, é que, mesmo rompendo com aquilo que socialmente já estava estabelecido, a afetividade não precisa acabar, nem mesmo nesse período de pandemia. Essa demonstração não é só uma questão geográfica de proximidade, e sim emocional. Se existe a verdadeira emoção, é possível encontrar meios de estar próximo e expressar.
Com informações de A União
*Sob supervisão de Larissa Ayumi Sato.