A chegada do inverno em 2021 se mostra rigorosa e traz o conhecido (e já previsto) aumento nos casos de doenças respiratórias, principalmente aqui na região Sul do país onde a estação costuma ser fria e seca. De acordo com o pneumologista Irinei Melek, médico cooperado da Unimed Curitiba e presidente da Associação Paranaense de Pneumologia e Tisiologia (APPT), o ar gélido resseca as mucosas, facilitando a aparição dessas doenças.
Nesse período também há maior concentração de poluentes nos meios urbanos e é comum as pessoas deixarem os ambientes mais tempo fechados. Só que, com isso, a proliferação de ácaros, fungos, bactérias e vírus torna-se propícia. "E está completa a fórmula para a disseminação de doenças infecciosas, bem como a exacerbação das alergias respiratórias”, explica o especialista. As doenças mais comuns no inverno são as que atingem as vias aéreas. Gripe, resfriado e suas diversas manifestações como a faringite, rinite, sinusite, além de piora das condições crônicas como a asma, rinite alérgica e as exacerbações doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) são as condições que mais ocorrem. É comum ainda, infelizmente, aumento dos casos de pneumonia bacteriana e meningites.
Melek reforça a importância de doentes crônicos manterem suas consultas periódicas em dia, bem como "conservar o tratamento otimizado para não agravar suas condições clínicas por infecções”. Afinal, pelo segundo ano consecutivo a atenção deve ser redobrada devido à COVID-19, doença causada pelo coronavírus. que apresenta sintomas muito semelhantes aos das doenças respiratórias como dor de cabeça, coriza e cansaço e dificuldade para respirar nos casos mais graves.
O pneumologista lembra que outras enfermidades podem ser observadas no frio. "Não é só o pulmão que sofre, mas também a pele, há maior frequência de ressecamento e eczemas. E também é uma época com maior incidência de crises de pressão alta, o que leva ao aumento de pacientes de infarto e acidentes vasculares cerebrais, por consequência. Por isso que alertamos tanto para a prevenção. É importante que a população tenha em mente os cuidados e fique atenta aos sinais das principais doenças respiratórias, para que uma assistência hospitalar seja efetiva ainda na fase precoce, ou idealmente seja evitada em tempos de pandemia”.
Cuidados
As pessoas mais propícias a sofrer com estas doenças são crianças e idosos, por terem o sistema imune fragilizado, então tomar as vacinas disponíveis para diversos vírus e bactérias, como a da gripe, é imperativo. O médico faz algumas recomendações para quem busca se proteger das doenças de inverno: "Tratar vai muito além de tomar medicações. Tomar os devidos cuidados é tão importante quanto, ou até mais. E a verdade é que, mantendo estes cuidados, a estação fria pode ser muito agradável”, afirma. Confira as indicações do pneumologista Irinei Melek:
- Uma alimentação saudável deve predominar. Ela deve ser balanceada com chás, sopas e caldos ricos em verduras, legumes e frutas, mantendo o equilíbrio do sistema imune. O consumo de líquidos é muito importante também, evitando ressecamento das mucosas.
- Exercícios físicos regulares, principalmente os aeróbicos como caminhadas, corridas, natação e ciclismo devem ser incorporados na rotina. A prática de atividades ao ar livre também é ótima, mas nesse caso lembre-se da proteção extra nos dias mais frios e secos, pois perdemos muita energia pelas extremidades como mãos, pescoço, pés. Então luvas, meias adequadas, cachecóis e casacos são imprescindíveis. Já cobertores, edredons e roupas de inverno devem ser lavados antes do uso ou expostas ao sol.
- É preciso manter o ambiente arejado e com boa umidade. Se estiver muito seco e preciso for, mantenha recipientes com água e umidificadores no ambiente. O ar condicionado deve ser evitado porque tira a umidade do ambiente. E evitar o tabagismo e contato com a fumaça do cigarro ajuda.
- As medidas sanitárias difundidas durante a pandemia, segundo ele, deveriam ser incorporadas para sempre, pois levaram a uma diminuição dessas doenças em todo o mundo. Então continue com o distanciamento social, uso de máscaras, higiene das mãos com sabão ou álcool em gel 70%, cuidados ao espirrar, o uso de lenços descartáveis, entre outros.